Ciência

Covid-19: Universidade dos EUA prevê 125 mil mortes no Brasil até agosto

Os pesquisadores pedem lockdown para conter avanço do novo coronavírus no país

Coronavírus: cada duas pessoas infectadas transmitem a covid-19 para outros três indivíduos, diz estudo (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Coronavírus: cada duas pessoas infectadas transmitem a covid-19 para outros três indivíduos, diz estudo (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 26 de maio de 2020 às 16h51.

Última atualização em 26 de maio de 2020 às 17h18.

A Universidade de Washington prevê que mais de 125 mil pessoas terão morrido de covid-19 no Brasil até o dia 4 de agosto deste ano. Atualmente, mais de 23 mil pessoas morreram em razão da doença no país.

O estudo foi feito pelo Instituto para Métricas de Saúde e Avaliação da universidade americana e indica que o país deveria tomar medidas mais duras para conter o avanço do vírus. A pesquisa levou em conta fatores como tendências de mobilidade da população, capacidade do país de realizar testes e os efeitos observados mediante as medidas de distanciamento social.

“O Brasil deve seguir o exemplo de Wuhan, na China, e o da Itália, Espanha e Nova York e impor ordens e medidas para controlar a epidemia que está crescendo rapidamente, e reduzir a transmissão do coronavírus”, afirmou Christopher Murray, diretor do instituto.

Os pesquisadores estimam que o número de mortes no Brasil continuará a crescer até meados de julho, caso não haja um lockdown ou endurecimento de medidas de distanciamento social para conter a propagação do vírus. O estudo também fala sobre falta de infraestrutura médica para atender aos pacientes infectados.

Os números mostram que as medidas de distanciamento social no Brasil têm dado resultado. Cada dois brasileiros infectados pelo novo coronavírus transmitem a doença a outras três pessoas. A estimativa foi feita por Rubens Lichtenthäler Filho, físico nuclear e professor da USP, e por seu filho, Daniel, que é médico no Hospital Israelita Albert Einstein.

Em 26 de fevereiro, cada infectado passava o vírus a 3,5 pessoas. Na semana passada, o número estava em 1,4. Com isso, cada duas pessoas contagiadas transmitem o vírus a outras três.

Por conta da redução na taxa de contágio, o estudo da Universidade de Washington reviu para baixo sua previsão de infecção do novo coronavírus em alguns dos estados brasileiros que adotaram medidas mais rígidas de distanciamento social, como São Paulo e Maranhão.

Ainda assim, o número de mortos pode superar os 125 mil em pouco mais de dois meses, o que colocaria o Brasil entre os países mais afetados pelo vírus no mundo todo. O número é maior do que a projeção feita pela Organização Pan-Americana de Saúde, que estima 88 mil mortos por covid-19 no Brasil até o começo de agosto.

Como estudos desse tipo são feitos com base em modelos matemáticos, eles têm limitações e estão constamente sujeitos à alterações mediante novas medidas adotadas pelo governo para conter a pandemia.

Confira a seguir a lista com a previsão feita para cada estado brasileiro:

  • São Paulo: 32.043 (antes, 36.811)
  • Rio de Janeiro: 25.755 (antes, 21.073)
  • Pernambuco: 13.946 (antes, 9.401)
  • Ceará: 15.154 (antes, 8.679)
  • Maranhão: 3.625 (antes, 4.613)
  • Bahia: 5.848 (antes, 2.443)
  • Amazonas: 3.194 (antes, 5,039)
  • Paraná: 626 (antes, 245)
  • Pará: 13.524 (sem projeção anterior)
  • Espirito Santo: 2.853 (sem projeção anterior)
  • Minas Gerais: 2.371 (sem projeção anterior)
  • Alagoas: 1.788 (sem projeção anterior)
  • Rio Grande do Sul: 1.165 (sem projeção anterior)
  • Paraíba: 1.142 (sem projeção anterior)
  • Goiás: 893 (sem projeção anterior)
  • Amapá: 529 (sem projeção anterior)
  • Rio Grande do Norte: 492 (sem projeção anterior)
  • Santa Catarina: 464 (sem projeção anterior)
  • Acre: 422 (sem projeção anterior)

 

 

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