Ciência

Covid-19 pode causar derrames e problemas cerebrais em casos graves

Estudo aponta que 6 em cada 10 pacientes com quadros severos podem ter derrame; descobertas ainda são preliminares, segundo pesquisadores

Coronavírus: doença já deixou quase 10 milhões de infectados no mundo (selvanegra/Getty Images)

Coronavírus: doença já deixou quase 10 milhões de infectados no mundo (selvanegra/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 27 de junho de 2020 às 09h30.

Um estudo feito por cientistas das universidades britânicas de Liverpool, Southampton, New Castle e a College London apontou que os pacientes mais graves do novo coronavírus podem desenvolver problemas cerebrais e correm mais risco de ter derrames. Segundo a pesquisa, feita com 125 pacientes hospitalizados no ápice da crise do vírus no Reino Unido em abril, seis a cada dez corriam o risco.

Desses, 62% sofreram derrames durante a hospitalização e quase um terço desenvolveu sintomas parecidos com demência ou psicose. 

No entanto, os pesquisadores admitem que o estudo é ainda muito preliminar para ter conclusões 100% assertivas, mas que isso pode jogar luz nos problemas neurológicos menos conhecidos que a doença respiratória pode engatilhar em determinados casos.

Um dos motivos que pode levar um infectado a ter derrames é o desenvolvimento de coágulos sanguíneos, efeito colateral bastante conhecido e estudo em casos de covid-19, o que pode levar a um derrame fatal caso eles migrem para o cérebro e cortem o fornecimento de sangue ao restante do corpo. Ainda não há nenhum estudo que confirme exatamente o por que de os coágulos se formarem em quadros mais severos da doença e causarem inflamações.

Essas inflamações nas principais artérias podem estar, inclusive, por trás dos efeitos psiquiátricos do vírus em alguns casos. 

Dos pacientes estudados que apresentaram casos cerebrovasculares, 74% tiveram acidente vascular cerebral isquêmico, 12% uma hemorragia intracerebral e 1% vasculite, que é uma doença capaz de inflamar os vasos sanguíneos. 

Em relação às alterações mentais, 31% tiveram mudanças psiquiátricas, 23% apresentaram mudanças não identificadas e 18% com encefalite, inflamação cerebral causada por infecção. 23 dos 125 pacientes apresentaram mudanças mentais, sendo que 43% destes desenvolveram psicose, 26% apresentaram uma síndrome parecida com demência e 17% tiveram um distúrbio afetivo. 26% dos 37 pacientes com status mentais alterados eram mais jovens do que 60 anos e 51% tinham mais de 60, enquanto 18% dos 74 pacientes com maior propensão de ter acidentes vasculares cerebrais (AVCs)  eram mais jovens do que 60 e 82% tinham mais do que 60 anos de idade. Os efeitos mentais em casos do SARS-Cov-2 também são mais comuns em homens. 

O estudo foi publicado na revista científica The Lancet. Para a realização da pesquisa, as bases não foram escolhidas de forma randômica.

Quase 10  milhões de pessoas estão infectadas pelo vírus no mundo e 493.609  morreram, segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins. Os Estados Unidos são o epicentro da doença, com 2.467.658  doentes e mais de 125.046  mortes. Em segundo lugar no ranking está o Brasil, com 1.274.974  de infectados e 55.961  óbitos.

Nenhum medicamento ou vacina para a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.

Segundo o relatório A Corrida pela Vida, produzido pela EXAME Research, unidade de análises de investimentos e pesquisas da EXAME, as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina já contam com o financiamento de pelo menos 20 bilhões de dólares no mundo. Desse valor, 10 bilhões foram liberados por um programa do Congresso dos Estados Unidos. Mais de 136 vacinas estão sendo desenvolvidas atualmente.

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