Ciência

Covid-19 pode aumentar a chance de uma pessoa desenvolver trombose

Estudo aponta que o vírus SARS-CoV-2 induz a criação de anticorpos prejudiciais e que podem causar trombose

Trombose: anticorpos liberam uma rede de material genético que prende partículas do vírus fora das células (NANOCLUSTERING/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Trombose: anticorpos liberam uma rede de material genético que prende partículas do vírus fora das células (NANOCLUSTERING/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 3 de novembro de 2020 às 11h28.

Virou rotina. Em outubro, cientistas descobriram mais um sintoma causado pelo novo coronavírus. Em novembro, um novo problema. E perigoso.  Uma pesquisa realizada na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, pode ter descoberto uma relação entre a covid-19 e a trombose em pacientes internados pelo vírus SARS-CoV-2. Feito com 172 voluntários, o estudo mostrou que pelo menos metade deles estava desenvolvendo anticorpos capazes de provocar trombose.

“Presumivelmente, nos tecidos, esta é uma maneira de controlar as infecções”, afirmou Jason Knight, reumatologista da Universidade de Michigan, conforme reportado pelo site Science News. “Mas se você fizer isso na corrente sanguínea, desencadeia a trombose”, afirmou.

A trombose, para quem não sabe, é a formação de um vaso sanguíneo geralmente nas pernas de uma pessoa. Há então o bloqueio no fluxo de sangue e dores na região. Tudo isso pode criar uma embolia, um bloqueio em uma artéria por um coágulo sanguíneo. Se for transportado até o pulmão, pode ser fatal.

Publicado na segunda-feira (2) na revista científica Science Translational Medicine, o estudo aponta que alguns dos coágulos sanguíneos do novo coronavírus, que vêm de anticorpos, podem se deslocar pelo sistema imunológico para atacar o corpo do paciente. Esses anticorpos liberam uma rede de material genético que prende partículas do vírus fora das células.

Esses anticorpos prejudiciais não são desconhecidos. Eles são comuns em infecções bacterianas ou virais, como infecções na região da garganta ou com origem no HIV. Ao que os pesquisadores descobriram, pacientes em casos mais graves de covid-19 têm níveis elevados destes anticorpos.

Os pesquisadores conseguiram descobrir isso ao isolar os anticorpos nocivos em experimentos laboratoriais. Alguns desses anticorpos ativaram neutrófilos, que são células do sistema imunológico que se multiplicam no sangue quando há alguma infecção ou inflamação no organismo.

Por ora, os pesquisadores afirmam que ainda é necessário que sejam feito mais estudos para concluir que a covid-19 pode fazer com que os pacientes desenvolvam a trombose.

A boa notícia é que os cientistas afirmam que um processo chamado de plasmaférese, que consiste em filtrar uma parte líquida do sangue, poderia ajudar a remover esses anticorpos problemáticos dos pacientes em casos graves do novo coronavírus.

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDoençasDoenças circulatóriasDoenças respiratóriasPesquisas científicas

Mais de Ciência

Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos

Como esta cientista curou o próprio câncer de mama — e por que isso não deve ser repetido