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AFP
Publicado em 1 de maio de 2022 às 11h21.
Última atualização em 1 de maio de 2022 às 11h24.
Mais de dois anos após o início da pandemia de covid-19 existem vários tratamentos contra a doença, mas o uso das pílulas e injeções enfrenta vários limites.
Apesar da diminuição dos números da covid-19 na maioria dois países, os medicamentos podem - ao lado das vacinas - fazer a diferença para os pacientes de alto risco.
Os tratamentos, para prevenir e curar, também podem ser essenciais para pessoas nas quais a vacina é pouco ou nada eficaz, como os imunodeprimidos, ou para as pessoas que apresentam risco elevado de desenvolver formas graves da doença, incluindo os idosos.
"Porém, no momento, estes medicamentos são utilizados de maneira insuficiente, como demonstram o número de mortes pela pandemia", lamenta Antoine Flahault, diretor do Instituto de Saúde Global e professor na Faculdade de Medicina de Genebra.
A primeira categoria de tratamento é composta por pílulas antivirais que atuam diretamente no vírus, para impedir sua multiplicação.
Contra a covid, o comprimido mais desenvolvido é o Paxlovid da Pfizer. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou há uma semana privilegiar seu uso em relação a outros tratamentos, em especial a pílula do grupo MSD, molnupiravir, que é menos eficaz.
A China aprovou em fevereiro o uso do Paxlovid. Uma boa notícia para a Pfizer, que espera produzir 120 milhões de doses este ano.
Nos Estados Unidos, o governo de Joe Biden adotou medidas para garantir o acesso às pílulas anticovid.
A vice-presidente Kamala Harris, que testou positivo para covid na terça-feira, está tomando o comprimido da Pfizer.
Mas os especialistas destacam alguns inconvenientes, como a corrida contra o tempo para administrar o remédio. O ideal é tomar a pílula menos de cinco dias depois dos primeiros sintomas, que devem ser confirmados por um teste.
Alguns medicamentos, começando pelo Paxlovid, também são "delicados" para o uso, por causa das "várias interações com outros medicamentos", explica Antoine Flahault.
Outro problema é que algumas variantes, como a ômicron, podem reduzir sua eficácia.
A segunda grande categoria são os anticorpos monoclonais, que devem ser administrados por via intravenosa ou injeção no hospital. Isto pode reduzir o risco de hospitalização e morte em até 80%.
Estes tratamentos são utilizados de duas maneiras, dependendo da medicação escolhida. Podem ser usados preventivamente em pessoas que não podem ser vacinadas ou são administrados em pacientes hospitalizados para evitar a complicação do quadro.
Os principais são o Evusheld do laboratório anglo-sueco AstraZeneca e o Ronapreve da farmacêutica suíça Roche, ambos usados preventivamente, embora o segundo composto também seja curativo.
Os prazos de administração também são curtos. E muitos biomedicamentos perdem eficácia com as diferentes variantes do vírus.
Assim como acontece com as vacinas, o acesso aos medicamentos anticovid é muito desigual entre países pobres e países ricos. Aqui também acontece um debate sobre a quebra de patentes.
No ano passado, Pfizer e MSD anunciaram acordos de patentes com a mediação da ONU, o que permite produzir uma versão genérica e mais barata de suas pílulas. Acordos foram assinados com 35 fabricantes de genéricos na Europa, Ásia e América Latina para a produção do Paxlovid e distribuição em 95 países pobres.
Mas a OMS se declarou muito preocupada com o fato de que os países mais pobres continuem com dificuldades de acesso ao Paxlovid.
Ao mesmo tempo, as ONGs prosseguem em sua batalha. "À medida que aparecem novos tratamentos, seria desumano que não estivessem disponíveis nos locais em que os recursos são mais limitados, simplesmente porque estão patenteados e são muito caros", advertiu no início do ano Márcio da Fonseca, conselheiro da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF).