Ciência

Covid-19: Cientistas ampliam colaboração global para combate ao suicídio

Efeitos da pandemia na saúde mental global começa a preocupar pesquisadores de diversos países, que se unem para intensificar estudos e mitigar riscos

Saúde mental: pandemia agrega uma série de situações que afetam a mente (Thanakorn Suppamethasawat / EyeEm/Getty Images)

Saúde mental: pandemia agrega uma série de situações que afetam a mente (Thanakorn Suppamethasawat / EyeEm/Getty Images)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de agosto de 2020 às 12h14.

Última atualização em 19 de agosto de 2020 às 19h23.

Pela primeira vez, a atual geração enfrenta uma pandemia que abala diversos setores da economia global e da vida pessoal. Grandes empresas enfretam suas piores crises, pequenos comércios fecham as portas, o consumo se adapta para o mundo digital.

Ao mesmo tempo, não há quem não esteja estressado de alguma forma. Quem precisa sair de casa enfrenta a tensão de se expor ao vírus. Quem pode fazer quarentena se vê preso, com um acúmulo de tarefas para dar conta no mesmo espaço e no mesmo tempo. Somam-se as preocupações com a saúde e a estabilidade financeira — e até as fake news entram no jogo.

Este conjunto de efeitos, é claro, tem grande impacto na saúde mental. No Brasil, logo no início da pandemia, uma pesquisa liderada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro já mostrava um aumento importante em sintomas como estresse agudo, depressão e crise aguda de ansiedade.

A experiência de outras epidemias mundo afora ajudam a predizer o que, agora, parece óbvio. O surto de influenza equino na Austrália, em 2007, levou donos de cavalo a quadros importantes de estresse psicológico. Da mesma forma, a epidemia de ebola no Senegal, entre 2014 e 2016, fez com que mais de 90% da população habitante de áreas de risco tivessem mais ansiedade e insônia.

Com extensão geográfica e temporal, as consequências da covid-19 preocupam cada vez mais os cientistas da área da saúde mental. Recentemente, um grupo de pesquisadores de países europeus e da Austrália estabeleceu uma colaboração para estudos de prevenção de suicídio no contexto da pandemia.

Agora, o grupo aponta para a necessidade de incluir representantes de países em desenvolvimento, de regiões como Oriente Médio, África e América do Sul.

"O foco primário das Nações Unidas e da Organização Mundial da Saúde tem sido o impacto da covid-19 na saúde física, mas precisamos reforçar as ações em prol da saúde mental, incluindo a prevenção de suicídio", dizem os pesquisadores em editorial publicado na revista científica alemã Hogrefe.

"As possíveis consequências da pandemia vão se desdobrar de diversas maneiras a longo prazo, variando de acordo com a duração e intensidade de infecção. Pesquisas são necessárias para assegurar que todos os aspectos da saúde sejam considerados nas tomadas de decisão."

De acordo com a Fundação Americana para a Prevenção do Suicídio, o ato de dar fim à própria vida é a 10ª principal causa de morte nos Estados Unidos, gerando 132 vítimas por dia. A situação é crítica se analisado o grupo de pessoas de 10 a 34 anos: neste caso, o suicídio é a 2ª principal causa de morte.

Ainda nos Estados Unidos, homens cometem 3,6 vezes mais suicídio do que mulheres. Do total de pessoas atingidas, 90% tinham doença mental diagnosticável.

Acompanhe tudo sobre:AnsiedadeCoronavírusDepressãoPesquisas científicasSuicídio

Mais de Ciência

Há quase 50 anos no espaço e a 15 bilhões de milhas da Terra, Voyager 1 enfrenta desafios

Projeção aponta aumento significativo de mortes por resistência a antibióticos até 2050

Novo vírus transmitido por carrapato atinge cérebro, diz revista científica

Por que a teoria de Stephen Hawking sobre buracos negros pode estar errada