Ciência

Coronavírus pode provocar surdez permanente, aponta estudo

Em casos raros, células infectadas podem gerar condição irreversível; é necessário identificar sintomas rapidamente para evitar sequelas

Médicos estudam reação adversa grave em pacientes (Marcos Solivan/Sucom-UFPR/Divulgação)

Médicos estudam reação adversa grave em pacientes (Marcos Solivan/Sucom-UFPR/Divulgação)

KS

Karina Souza

Publicado em 13 de outubro de 2020 às 21h03.

Última atualização em 15 de outubro de 2020 às 18h48.

Mais um efeito colateral grave da covid-19 acaba de ser descoberto: a surdez permanente. De acordo com os médicos, trata-se de uma reação adversa rara e que pode ser revertida se os sintomas forem identificados rapidamente. A conclusão foi relatada em um estudo publicado recentemente pela revista científica BMJ Case Reports, a partir de um caso observado no Reino Unido.

O paciente mais afetado por essa condição até agora é um homem de 45 anos que contraiu o coronavírus e já estava internado quando apresentou perda repentina de audição. Ele foi encaminhado para o departamento de ouvido, nariz e garganta e para a UTI em seguida, com sintomas graves da doença. Uma semana depois de ter o tubo respiratório removido, começou a perceber zumbido em seu ouvido esquerdo, seguido por perda auditiva súbita. Para reverter esse quadro, ele foi tratado com comprimidos de esteróides e injeções e, depois disso, teve sua audição recuperada de forma parcial.

De acordo com o estudo, isso pode ter acontecido porque o SARS-CoV-2 se fixa em um tipo específico de célula que reveste os pulmões — e também o ouvido médio. Com isso, ao atingir o organismo, o vírus pode gerar uma resposta inflamatória também nesse local e produzir o aumento nas substâncias químicas associadas à perda auditiva.

“Este é o primeiro caso relatado de perda auditiva neurossensorial após infecção por covid-19 no Reino Unido”, afirmam os autores do relatório. "Dada a presença generalizada do vírus na população e a morbidade significativa da perda auditiva, é importante investigar isso mais a fundo. Os médicos devem perguntar aos pacientes em terapia intensiva sobre perda auditiva e encaminhá-los para tratamento urgente", destacam.

No Brasil, ainda não há casos relatados de perda auditiva. A média móvel de mortes no país ficou em 499 nesta terça-feira, de acordo com dados reunidos pelo consórcio de veículos de comunicação.

 

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