Ciência

Coronavac é menos eficaz contra variante Gamma do que contra cepa anterior

Com apenas uma dose do imunizante nenhum efeito protetor surgiu frente a variante Gamma

Estudo avaliou a potencia do imunizante fabricado pelo laboratório chinês Sinovac contra a variante Gamma (Prefeitura de Betim/Facebook/Reprodução)

Estudo avaliou a potencia do imunizante fabricado pelo laboratório chinês Sinovac contra a variante Gamma (Prefeitura de Betim/Facebook/Reprodução)

Os anticorpos produzidos após a vacinação com a chinesa CoronaVac são menos eficazes contra a variante Gamma do novo coronavírus do que contra a cepa anterior presente no país, aponta um estudo brasileiro divulgado nesta sexta-feira.

A Gamma, detectada pela primeira vez no Brasil, pode, "potencialmente, circular entre indivíduos vacinados, mesmo em locais onde a cobertura de vacinação é alta", assinalaram os autores do estudo, apresentado no Congresso Europeu de Microbiologia Clínica e Doenças Infecciosas (ECCMID) e publicado na revista "The Lancet Microbe".

Os pesquisadores brasileiros fizeram testes em laboratório com o plasma sanguíneo de 53 pessoas que haviam recebido a vacina e de 21 pessoas que haviam contraído o vírus previamente.

Os anticorpos produzidos por pessoas que haviam recebido apenas uma dose entre 20 e 23 dias antes ou duas doses entre 134 e 260 dias antes não tinham "nenhum efeito detectável sobre a variante Gamma". Já os anticorpos dos vacinados mais recentemente (segunda dose entre 17 e 38 dias antes) foram eficazes, porém menos do que contra a cepa que circulava anteriormente no país.

Os autores assinalaram que esse tipo de estudo baseado em anticorpos não leva em conta o outro aspecto da resposta imunológica: a imunidade celular, que também desempenha um papel protetor após a vacinação.

Fabricada pelo laboratório chinês Sinovac e aprovada de forma acelerada por cerca de 20 países, a CoronaVac obteve uma homologação de emergência da OMS no começo de junho, o que lhe permitiu integrar o dispositivo internacional Covax para a distribuição de vacinas em países com dificuldade financeira. lém disso, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) lançou em maio um procedimento de “exame contínuo” dessa vacina, que facilita um possível pedido próximo de autorização na União Europeia.

No entanto, permanecem dúvidas sobre a eficácia do imunizante. Quando o aprovou, a OMS informou que era de 51% para prevenir os casos sintomáticos e 100% para evitar os mais graves e hospitalizações.

Um segundo estudo, publicado nesta sexta-feira na "The Lancet" e apresentado no ECCMID, fornece mais cifras. Tratam-se dos primeiros resultados do teste de fase 3 realizado com a vacina na Turquia entre setembro e janeiro passados, envolvendo pouco mais de 10.000 adultos de 18 a 59 anos.

O estudo mostra que a eficácia da CoronaVac "é de 83,5% contra a forma sintomática da covid." Mas a pesquisa apresenta um problema importante, que seus autores reconhecem: foi realizada "antes do surgimento de variantes preocupantes", o que pode significar que a eficácia da vacina é menor atualmente. Também envolveu "participantes relativamente jovens e de baixo risco".

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