Ciência

Converter plástico em petróleo pode gerar lucro e salvar oceanos

O processo leva menos de um segundo e o combustível resultante, chamado Plaxx, pode ser usado para produzir plástico novamente

Petróleo: “Esta tecnologia pode ser um verdadeiro divisor de águas”, disse Patricia Vangheluwe, diretora de relações com o consumidor e o meio ambiente da PlasticsEurope (Rich Press/Bloomberg)

Petróleo: “Esta tecnologia pode ser um verdadeiro divisor de águas”, disse Patricia Vangheluwe, diretora de relações com o consumidor e o meio ambiente da PlasticsEurope (Rich Press/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 5 de maio de 2017 às 22h22.

Londres - Em um depósito de lixo a cerca de 130 quilômetros a oeste de Londres, Adrian Griffiths está testando uma invenção que, acredita ele, salvará os oceanos do mundo, sufocados pelos resíduos plásticos. E também renderá alguns milhões a ele.

A máquina, que tem aproximadamente o tamanho de uma quadra de tênis, processa todos os tipos de produtos à base de petróleo -- plástico filme, roupas de poliéster, carpetes, eletrônicos --, transformando-os novamente em petróleo.

O processo leva menos de um segundo e o combustível resultante, chamado Plaxx, pode ser usado para produzir plástico novamente ou para alimentar motores de navios.

“Queremos mudar a história do plástico no mundo”, disse Griffiths, CEO da Recycling Technologies em Swindon, cidade na região sudoeste da Inglaterra onde 2,4 toneladas de resíduos plásticos podem ser transformados dessa forma diariamente como parte de um projeto piloto.

Para os apoiadores financeiros, entre eles o governo do Reino Unido e mais de 100 investidores privados, a tecnologia marcaria uma inovação em relação à forma como o plástico é gerenciado globalmente.

A máquina utiliza uma técnica de reciclagem de matéria-prima desenvolvida na Universidade de Warwick para processar resíduos plásticos sem a necessidade de classificação, um grande obstáculo que tem impedido uma reciclagem economicamente viável em grande escala.

O projeto de Griffiths é único porque não está voltado a um tipo específico de plástico e, em vez disso, busca encontrar uma solução para a chamada “sopa plástica” que inunda os oceanos do mundo. Em 2050, haverá mais plástico que peixes nos oceanos, segundo um estudo apresentado no Fórum Econômico Mundial neste ano pela Ellen MacArthur Foundation.

“Esta tecnologia pode ser um verdadeiro divisor de águas”, disse Patricia Vangheluwe, diretora de relações com o consumidor e o meio ambiente da PlasticsEurope, associação que representa mais de 100 produtoras de polímero, incluindo BASF e Dow Chemical.

“Esta é uma excelente maneira de levar plásticos que você não conseguiria reciclar com a tecnologia atual, nem fazê-lo de forma econômica, de volta à economia circular.”

No momento, apenas 10 por cento do plástico é reprocessado porque é mais barato extrair mais petróleo para conseguir matéria-prima petroquímica, especialmente após o colapso dos preços do petróleo bruto nos últimos anos.

O restante é incinerado, disposto em aterros ou descartado nos oceanos, liberando elementos químicos tóxicos que afetam os recifes de corais e sendo engolido pela vida marinha que alimenta os seres humanos.

Muitos projetos fracassam porque não oferecem uma margem grande o bastante para que sejam viáveis, segundo Nick Cliffe, diretor de inovação encarregado do setor de eficiência de recursos da Innovate U.K., uma das duas agências do governo que forneceram 2,6 milhões de libras (US$ 3,4 milhões) em subvenções à Recycling Technologies.

Embora sejam movidos pelo desejo de proteger os oceanos, Griffiths e sua equipe de 22 pessoas reconhecem que, com a projeção de que o consumo de plástico vá duplicar nos próximos 20 anos, a reciclagem precisa ser lucrativa para fazer a diferença. A próxima meta de Griffiths é construir uma unidade de fabricação.

“Não sou de abraçar árvores”, disse ele. “Não acho que seja possível mudar realmente a situação, do ponto de vista ambiental, sem gerar lucro.”

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