Ciência

Consumo de maconha por idosos pode ter disparado com a pandemia

Uso da erva por pessoas com mais de 65 anos já havia dobrado entre 2015 e 2019 nos Estados Unidos. E agora?

Maconha: consumo dobrou por idosos com mais de 65 anos nos EUA (OpenRangeStock/Getty Images)

Maconha: consumo dobrou por idosos com mais de 65 anos nos EUA (OpenRangeStock/Getty Images)

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Rodrigo Loureiro

Publicado em 23 de março de 2021 às 12h26.

Dados da Pesquisa Nacional de Uso de Drogas e Saúde, feita ainda em 2019 nos Estados Unidos, apontavam que pelo menos 5% de pessoas com mais de 65 anos já faziam o uso de maconha. O percentual era alarmante, já que havia mais do que dobrado desde 2015, quando o índice era de 2,4%. Com a pandemia do novo coronavírus, existe a preocupação de que este número possa ter aumentado ainda mais.

“Eu esperaria que este percentual aumentasse drasticamente”, disse o Benjamin H. Han, principal autor do estudo realizado em 2019, em entrevista recente ao jornal The New York Times. “Foi como se o mundo tivesse parado. Todos nós estamos sofrendo de alguma forma de estresse pós-traumático”, afirmou Harry Lebowitz, 69, que admite fazer o uso da droga por seus benefícios no alívio de dores e no combate à ansiedade.

Ainda não existem muitos dados oficiais que possam detalhar o aumento do consumo da droga durante os últimos meses. Até porque, em muitos casos, embora a maconha já seja legalizada em 35 estados americanos – de forma medicinal ou recreativa –, a erva ainda é consumida de forma ilegal em muitas regiões do país. Em São Francisco, por exemplo, tornou-se proibido fumar cigarros em apartamentos – exceto os de maconha.

Um desses raros estudos foi feito pela Associação Nacional da Indústria de Cannabis e mostra que as vendas legais de maconha aumentaram 20% no ano passado. De acordo com outra pesquisa, esta feita pela Kaiser Family Foundation, as razões pelo aumento estão relacionadas justamente com o combate à ansiedade e à depressão durante o período de quarentena para evitar a disseminação da covid-19.

Mesmo que a cannabis já tenha tido seus efeitos reconhecidos no combate a estes sintomas e doenças, o aumento do consumo da substância, ainda em que medicamentos controlados, tem preocupado parte da comunidade médica nos Estados Unidos. “Os dados sobre a segurança e eficácia destes tratamentos ainda não estão muito claros”, disse Donna M. Fick, pesquisadora do Centro de Excelência em Enfermagem Geriátrica da Penn State ao jornal.

Neste contexto, vale destacar ainda que uma pesquisa científica feita ainda no ano passado apontou efeitos positivos do consumo de canabidiol (ou CBD, componente não psicoativo da cannabis) para reduzir os riscos e prejuízos causados pelo aumento de citocina em casos do coronavírus. A citocina faz com que o sistema imunológico colapse, tornando mais difícil o tratamento contra o vírus.

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