Bronzeamento: o produto já foi testado e aprovado em ratos e em amostras de pele (Thinkstock/Thinkstock)
Da Redação
Publicado em 14 de junho de 2017 às 15h49.
A eleição de Donald Trump sem dúvida é um assunto sério. Mas seu cabelo e pele não são.
Em setembro do ano passado, Jason Kelly – maquiador contratado para cuidar da aparência dos candidatos republicanos durante a campanha – contou o que está por trás da pele alaranjada do empresário a uma revista norte-americana.
“Sei exatamente o que ele faz consigo mesmo. A cama de bronzeamento, o spray de bronzeamento, ele usa óculos de proteção e você pode ver a hiperpigmentação em volta dos seus olhos. O que eu vou fazer é usar uma cor levemente mais escura e misturá-la com seu bronzeado para que não haja um contraste abrupto”, revelou Kelly à Harper’s Bazaar.
Agora a eleição acabou, e os problemas de pigmentação de Trump também. Pesquisadores da Universidade de Massachusetts criaram uma substância química capaz de estimular a pele a produzir melanina (o pigmento natural do corpo humano) mesmo sem ser exposta ao sol.
O truque funciona até com quem não tem predisposição genética para ganhar “um bronze” – e costuma ficar vermelho como uma lagosta após um dia na praia.
“Eu não diria que o método é bronzeamento artificial. O bronzeamento é de verdade, só que sem sol”, afirmou ao jornal britânico The Guardian David Fisher, líder da pesquisa.
O produto já foi testado e aprovado em ratos e em amostras de pele, e os testes clínicos, em seres humanos reais, estão para começar.
A técnica sem dúvida é um avanço em relação ao laranja fake característico de Trump ou Vera Fischer, mas os pesquisadores afirmam ter uma motivação bem menos fútil para desenvolvê-la: melhorar a resistência ao câncer de pele em pessoas que são brancas demais para o próprio bem.
No artigo científico, os cientistas descrevem os efeitos do inibidor de SIK, nome da molécula mágica, em um ratinho de laboratório ruivo (e depilado): a pele debaixo dos pelos ficou negra como nanquim – difícil mesmo é controlar a dose.
Em mamíferos, o principal gene responsável por estimular a produção de melanina se chama MC1R.
Em pessoas de pele muito clara, ele carrega uma mutação que o torna incapaz de desencadear os processos químicos que escurecem a pele.
A aplicação do inibidor diretamente sobre a pele, como foi feito com as cobaias, impede o gene de se manifestar, e permite que o corpo escureça a si próprio por alguns dias, mesmo sem exposição à luz.
O método é reversível – em no máximo uma semana a pele volta à cor normal – e, quando estiver pronto para aplicações comerciais, deverá ser usado com pouca frequência e em parceria com o protetor solar.
Segundo os pesquisadores, os protetores disponíveis atualmente não são tão eficientes contra formas mais agressivas de câncer de pele quanto o bronzeado natural que algumas pessoas, por razões genéticas, são capazes de adquirir com maior facilidade.
Quando essas pessoas usam protetor, elas acabam inibindo a própria produção de melanina e impedindo o corpo de colaborar com a proteção.
Estimular a produção de melanina antes da exposição ao sol, portanto, cria de antemão uma barreira contra complicações que protetores tradicionais não podem impedir.
“O filtro solar é muito importante, e ele definitivamente protege, mas sua eficácia contra o melanoma e carcinoma basocelular é incompleto de uma maneira frustrante”, afirma Fisher.
“A pele de pessoas que ficam bronzeadas com facilidade é mais protetora que qualquer FPS.”
Este conteúdo foi publicado originalmente no site da Superinteressante.