Ciência

Como um ônibus se tornou o lugar perfeito para a covid-19 se espalhar

Um passageiro, no ínicio de janeiro, havia ido jantar com os amigos e não sabia que estava infectado com a covid-19; de 63 pessoas, 23 ficaram doentes

Coronavírus: superespalhadores conseguem passar a doença para diversas outras pessoas sem nem saber (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

Coronavírus: superespalhadores conseguem passar a doença para diversas outras pessoas sem nem saber (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 2 de setembro de 2020 às 08h46.

Última atualização em 2 de setembro de 2020 às 09h31.

Uma viagem de ônibus na China se tornou o ambiente perfeito para que o coronavírus se espalhasse, segundo um estudo publicado no jornal científico JAMA Internal Medicine. Isso porque um passageiro, no ínicio de janeiro, havia ido jantar com os amigos e não sabia que estava infectado com a covid-19 quando entrou no transporte público chinês.

Os passageiros estavam em uma viagem de 50 minutos para um evento budista na cidade de Ningbo, na China, antes de as máscaras se tornarem item obrigatório para evitar infecções. Em poucos dias, 23 das 68 pessoas que estavam no ônibus também ficaram doentes --- até mesmo as que se sentaram a sete fileiras de distância dela. Segundo os cientistas, a única forma de diminuir a chance de contágio era ter se sentado perto das janelas abertas --- mas nem isso poderia ser 100% eficaz.

Os pesquisadores também afirmam que o ar condicionado no ônibus pode ter ajudado a espalhar ainda mais o vírus por ter recirculado o ar dentro do veículo. "A investigação sugere que em ambientes fechados com recirculação de ar, o SARS-CoV-2 tem um patógeno altamente transmissível", escreveram os pesquisadores.

O resultado da pesquisa confirma ainda mais que o contágio da covid-19 pode ocorrer por vias aéreas e que o uso de máscara pode impedir a contaminação. Em julho, após uma carta de cientistas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu “evidências emergentes” de transmissão pelo ar do coronavírus.

Esse não é o primeiro caso de um superespalhador a ser identificado no mundo. Em junho, uma beata sul-coreana foi à igreja, como de costume, tendo sintomas leves que achou se tratar de uma gripe comum. Quando chegou lá, todos os fiéis tiraram as máscaras de proteção para rezar. Ela estava infectada com a covid-19. E pode ter espalhado a doença para pelo menos 43 pessoas.

Em Washington, nos Estados Unidos, 61 participantes de um coral se reuniram, compartilharam lanches e organizaram as cadeiras juntos no fim do evento, sem nenhum tipo de proteção. Um dos cantores, no entanto, estava infectado e não apresentava nenhum sintoma. Depois da confraternização, 53 ficaram doentes, 3 foram hospitalizados e dois morreram por conta da covid-19.

Essas pessoas de contágio mais alto têm nome e definição. São os superspreaders (“superespalhadores” na tradução livre). Por fatores genéticos não identificados, se tornam mais contagiosas do que as outras e dessa forma podem contaminar um número maior de indivíduos.

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