Imagem das proteínas das espículas na superfície de células expostas à vacina, renderizada por um artista (University of Southampton/Reprodução)
Laura Pancini
Publicado em 8 de abril de 2021 às 10h49.
Uma nova pesquisa feita por cientistas da Universidade de Oxford e a Universidade de Southampton observou proteínas das espículas do novo coronavírus que foram expostas à vacina da Oxford com a AstraZeneca para criar imagens de como elas reagem no corpo humano.
As proteínas espiculares são os "espinhos" do SARS-CoV-2 que dão ao vírus uma espécie de coroa ao seu redor. São elas que se ligam ao receptor ACE2 dentro do corpo e ficam alterando de forma, permitindo que o vírus combine suas membranas com as das células da pessoa e, consequentemente, a infectem. Elas também são revestidas por açúcares, ou glicanas, que disfarçam as proteínas virais para proteger o sistema imunológico.
Já a vacina desenvolvida pela Universidade de Oxford com a AstraZeneca é vetorizada pelo adenovírus, que "adiciona" informações de parte de um patógeno, nesse caso das proteínas espículares do SARS-CoV-2, em uma versão segura de um vírus, gerando anticorpos neutralizantes contra o alvo.
O grupo de pesquisa comparou imagens das proteínas espiculares que foram expostas à vacina com as originais do coronavírus. O que eles perceberam foi que as espículas são muito semelhantes e apoiam o adenovírus presente. Esta é uma característica essencial da vacina, porque significa que ela pode fornecer simulações aproximadas do coronavírus que são importantes no desencadeamento da resposta imune necessária.
Publicado na revista ACS Central Science, o estudo utilizou uma técnica de imagem conhecida como microscopia crioeletrônica (cryoEM), na qual é possível capturar milhares de imagens e combiná-las para construir um produto final e mais detalhado. "CryoEM é uma técnica imensamente poderosa que nos permitiu visualizar a densa matriz de espículas apresentadas na superfície das células", disse o professor Peijun Zhang da Universidade de Oxford, que liderou o estudo.
O professor Crispin disse: "Neste estudo, pretendemos ver quão próximos as espículas induzidas pela vacina se assemelham aos do vírus infeccioso. Ficamos realmente satisfeitos em ver uma grande quantidade de espículas semelhantes aos nativos", comenta o professor Max Crispin, que liderou o trabalho na Universidade de Southampton.
As cores presentes representam a quantidade de glicanas, responsáveis por proteger o sistema imunológico ao disfarçar as proteínas virais, em cada proteína espicular: verde (80-100%); laranja (30-79%); roxo (0-29%) e cinza (não detectado).