Ciência

Como funciona a vacina de Oxford com a AstraZeneca

Chamada de ChAdOx1, a proteção é baseada no adenovírus enfraquecido de um chimpazé e apresentou bons resultados

Vacina: (Westend61/Getty Images)

Vacina: (Westend61/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 20 de julho de 2020 às 10h53.

Última atualização em 20 de julho de 2020 às 13h31.

Na manhã desta segunda-feira (20), a Universidade de Oxford divulgou resultados positivos em relação a sua vacina contra o novo coronavírus, desenvolvida em parceria com a biofarmacêutica anglo-sueca AstraZeneca. Segundo um estudo publicado na revista científica The Lancet, uma das mais prestigiadas no ramo, a vacina apresentou bons resultados nas fases 1 e 2 de testes e foi capaz de produzir uma resposta imune ao vírus.

Mas como funcionará a vacina da universidade britânica?

Chamada de ChAdOx1 (AZD1222), a proteção é baseada no adenovírus (grupo de vírus que causam problemas respiratórios, como resfriados) enfraquecido de um chimpazé. A vacina do Instituto de Biotecnologia de Pequim em parceria com a empresa chinesa CanSino também é feita com base no adenovírus

A opção também contém a sequência genética das espículas do SARS-CoV-2. "Quando a vacina entra nas células dentro do corpo, ela usa o código genético para produzir as espículas de proteínas do vírus. Isso induz a uma resposta imune, o que prepara o sistema imunológico para atacar a doença se ela infectar o corpo", explica a universidade britânica em um comunicado publicado em seu site oficial.

De acordo com a própria universidade, a vacina foi escolhida para a fase de testes por ter "a tecnologia mais adequada contra a covid-19 e se mostrou capaz de gerar uma forte resposta imune em apenas uma dose".

A Oxford também garante que a vacina é segura para crianças, idosos e também pessoas com doenças prévias e consideradas de risco nos casos do coronavírus, como diabetes.

Quais são as fases de uma vacina?

Para uma vacina ou medicação ser aprovada e distribuída, ela precisa passar por três fases de testes. A fase 1 é a inicial, quando as empresas tentam comprovar a segurança de seus medicamentos em seres humanos; a segunda é a fase que tenta estabelecer que a vacina ou o remédio produz, sim, imunidade contra um vírus, já a fase 3 é a última fase do estudo e tenta demonstrar a eficácia da droga. Uma vacina é finalmente disponibilizada para a população quando essa fase é finalizada e a proteção recebe um registro sanitário. Por fim, na fase 4, a vacina ou o remédio é disponibilizado para a população.

As outras que também estão na na fase três de testes são as versões da americana Moderna e a da chinesa Sinovac, que também será testada no Brasil.

Para a OMS, a vacina britânica é a opção mais avançada no mundo em termos de testagem.

Na última semana, a reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Soraia Smaili, em entrevista à GloboNews, afirmou que a vacina de Oxford pode ser distribuída no Brasil em junho de 2021, assim que o registro emergencial dela for aprovado. 

A AstraZeneca e Oxford testarão sua vacina em mais de 50.000 pessoas no mundo todo. No Brasil, serão 5.000 voluntários testados em São Paulo, na Bahia e no Rio de Janeiro.

Em junho, o governo brasileiro anunciou uma parceria com Oxford para a produção de 100 milhões de doses quando a aprovação acontecer.

Antes a previsão da empresa anglo-sueca era que a vacina ficaria pronta já neste ano.

A corrida pela cura

Nunca antes foi feito um esforço tão grande para a produção de uma vacina em um prazo tão curto — algumas empresas prometem que até o final do ano ou no máximo no início de 2021 já serão capazes de entregá-la para os países. A vacina do Ebola, considerada uma das mais rápidas em termos de produção, demorou cinco anos para ficar pronta e foi aprovada para uso nos Estados Unidos, por exemplo, somente no ano passado.

Uma pesquisa aponta que as chances de prováveis candidatas para uma vacina dar certo é de 6 a cada 100 e a produção pode levar até 10,7 anos. Para a covid-19, as farmacêuticas e companhias em geral estão literalmente correndo atrás de uma solução rápida.

Nenhum medicamento ou vacina contra a covid-19 foi aprovado até o momento para uso regular, de modo que todos os tratamentos são considerados experimentais.

EXAMINANDO: Epidemias globais

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:AntivírusCoronavírusDoençasvacina contra coronavírusVacinas

Mais de Ciência

Cápsula espacial russa de 500kg pode cair na Terra neste fim de semana. Existem riscos?

China inaugura era de exploração do espaço cislunar com constelação de satélites inédita

Nasa resolve mistério dos raios X em buracos negros com descoberta crucial

O Everest está crescendo (ainda mais) — e algo inusitado pode ser o culpado