Ciência

Como estes pesquisadores transformaram plástico em alimento

Acadêmicos da Michigan Tech University e da Universidade de Illinois ganharam o Future Insight Prize ao usar micróbios e calor para transformar um dos maiores poluentes da atualidade

Pesquisadores afirmam que comida é altamente nutritiva e pode ser personalizada (Yegor Aleyev/Getty Images)

Pesquisadores afirmam que comida é altamente nutritiva e pode ser personalizada (Yegor Aleyev/Getty Images)

KS

Karina Souza

Publicado em 6 de agosto de 2021 às 09h30.

Última atualização em 6 de agosto de 2021 às 13h21.

Em meio às discussões sobre sustentabilidade e redução de uso do plástico, dois professores da Michigan Tech University (MTU) propõem a transformação desse material em proteínas. Parece impossível, mas eles conseguiram -- e ganharam até um renomado prêmio pelo projeto, denominado BioPROTEIN.

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Steve Techtmann, professor de ciências biológicas na MTU e co-autor do estudo, diz que uma combinação de micróbios e calor foi capaz de trazer esse resultado. “Usamos organismos naturais projetados para quebrar os plásticos e a biomassa vegetal não comestível para convertê-los em alimentos”, afirmou.

Em detalhes, são três etapas, de forma simples: a primeira delas usa um processo químico para quebrar a molécula que compõe o plástico em pequenos componentes. Depois, é usado calor para transformar as partes desmembradas numa espécie de óleo, até que, por fim, essa substância em contato com bactérias modificadas em laboratório e produz células comestíveis.

O resultado é proteína em pó, um conceito bastante discutido por empresas que estão de olho na "alimentação do futuro". A Foodz, por exemplo, já desenvolve uma solução sem glúten e sem lactose nesse formato.

Ao realizar a descoberta num tema tão debatido, a pesquisa ganhou o Future Insight Prize, concedido pela Merck, gigante da indústria química, farmacêutica e de ciências biológicas que se destaca em tecnologia. Em dinheiro, o prêmio foi de um milhão de euros.

Para a Merck, esses novos alimentos "não são tóxicos, trazem benefícios para a saúde das pessoas e permitirão até a personalização, de acordo com as necessidades de cada um".

Chegar a esse resultado não foi um processo barato -- e tampouco o esforço de uma única pessoa. Ao todo, foram investidos US$ 7,2 milhões no projeto, em quatro anos de pesquisa. O principal investidor foi a Agência de Projetos de PEsquisa Avançada de Defesa (ou DARPA, na sigla em inglês).

Em relação à pesquisa, pelo menos mais três pessoas trabalharam no projeto: Ting Lu, professor de bioengenharia na Universidade de Illinois, os engenheiros químicos Rebecca Ong e David Shonnard, da MTU, e Joshua Pearce, engenheiro de materiais.

Diante da conquista e da premiação, os pesquisadores afirmam que seguem motivados para continuar estudando a transformação do plástico em comida -- e tentar diminuir o problema global da alimentação.

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