Coronavírus: doença já deixou mais de 2 milhões de mortos (KATERYNA KON/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)
Tamires Vitorio
Publicado em 29 de janeiro de 2021 às 09h30.
Mais de 2,1 milhões de pessoas morreram no mundo todo por conta de complicações causadas pelo novo coronavírus. Em tempos de pandemia, reduzir a taxa de mortalidade da doença é algo crucial – e uma tarefa complicada.
O hospital americano Mayo Clinic conseguiu reduzir a mortalidade do vírus abaixo da média nacional e internacional ao adotar uma estratégia que combina medicações, equipe multidisciplinar e monitoramento frequente dos pacientes.
Para entender como a abordagem funcionou, foram observados 7891 pacientes – desses, 897 foram hospitalizados, sendo que 354 ficaram internados no Centro de Terapia Intensivo (CTI). Os dados foram coletados entre os dias 1º de março e 31 de julho do ano passado.
Todos os pacientes que estavam infectados com a covid-19 e participaram da pesquisa foram tratados por médicos de diferentes especialidades, como infectologistas, especialistas em pulmão e pesquisadores da área.
Os pacientes receberam "uma variedade de tratamentos", segundo o hospital, que incluíam esteróides, Remdesivir e plasma convalescente, com combinações diferentes dependendo da pessoa. Para entender quais medicações seriam administradas, a equipe multidisciplinar avaliava o quadro individual dos pacientes.
"A equipe de tratamento foi fundamental para adaptar os tratamentos e aplicar evidências a cada paciente individualmente e determinar quais medicações eram mais apropriadas para cada um", afirma Dr. John O'Horo, especialista em doenças infecciosas da Mayo Clinic em Rochester, Minessota.
Depois do tratamento, as taxas de mortalidade encontradas no hospital foram menores do que às médias nacionais e internacionais. A taxa total foi de 1,1%, com uma mortalidade hospitalar de 7,1% e de 11,9% em pacientes internados em CTIs. Nos Estados Unidos a taxa de mortalidade era de 14,7% em dezembro de 2020, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
"O tratamento colaborativo é importante para alcançar os melhores resultados. É difícil de lidar com o alto estresse das condições de pandemia, mas é essencial para garantir que a experiência e a habilidade de cada um sejam usadas de maneira mais eficaz no cuidado de pacientes com covid-19. Tivemos a sorte de não ter tido o mesmo surto de casos que outras áreas, o que tornou viável a formação da equipe e a prática, mas agora que a formamos, é mais fácil continuar", disse O'Horo.
A maioria dos pacientes tratados na Mayo não foi infectada na primeira onda de infecções, sendo que grande parte dos quadros aconteceu entre os dias 1º e 31 de julho. De todos os pacientes analisados, 87,6% não precisaram de hospitalização e 30 morreram, com uma idade média de 59 anos. Homens também eram maioria nas internações. As comorbidades mais comuns foram doença pulmonar obstrutiva crônica (11,8%), diabetes (9,4%), doença renal (6,5%) e doença arterial periférica (6,2%).
Segundo a Mayo Clinic, as taxas de mortalidade foram reduzidas "à medida que a pandemia progrediu, com um possível fator sendo que testes foram inicialmente priorizados para aqueles com sintomas específicos e posteriormente foram expandidos para pessoas assintomáticas."
O monitoramento constante dos pacientes infectados – mesmo remotamente – também teve um papel essencial na redução da mortalidade.
"Esses programas permitem que pacientes de alto risco sejam monitorados em casa e detectar complicações ou deterioração clínica precocemente, de modo que a internação hospitalar e cuidados avançados possam ser prestados em tempo hábil. A grande proporção de nossos pacientes que puderam participar desses programas provavelmente contribuiu para nossos resultados", afirmou Dr. Andrew Badley, Presidente da Força Tarefa de Pesquisa sobre COVID-19 da Mayo Clinic, em comunicado enviado com exclusividade à EXAME.
Além dos dois pontos citados acima, os pesquisadores acreditam que o uso crescente de máscaras e do distanciamento social ajudaram a reduzir o número de mortes no hospital – enfatizando, assim, a importância das medidas de proteção contra o SARS-CoV-2.