Christina Koch é a astronauta mulher que mais passou tempo na EEI, retornando em fevereiro de 2020 após 328 dias (NASA/Divulgação)
Laura Pancini
Publicado em 2 de maio de 2021 às 08h00.
A Estação Espacial Internacional (EEI) é como uma casa para os astronautas na órbita baixa da Terra. Lá, astronautas e cosmonautas vivem e trabalham na estação há mais de 20 anos e, a cada ano que passa, mais e mais profissionais de diversos países chegam na estação com ajuda da Nasa.
Neste último sábado, 24, o foguete Falcon 9 da SpaceX chegou na EEI transportando sua cápsula Crew Dragon com quatro astronautas a bordo. É a primeira vez que dois veículos da empresa espacial de Elon Musk ficam na estação ao mesmo tempo, totalizando 11 pessoas. Segundo a Nasa, um número que não era visto desde a era do ônibus espacial.
Descubra algumas curiosidades sobre como é viajar para a Estação Espacial Internacional:
Qualquer equipe que paga uma visita para a EEI faz uma transferência direta ou indireta. A "transferência" é o período entre o início de uma tripulação na estação e o final da viagem de outra.
Entre o final do programa do Ônibus Espacial em 2011 até os primeiros voos da Tripulação Comercial com astronautas em 2020, por exemplo, ocorria uma transferência indireta. Todas as tripulações viajaram de e para a EEI por espaçonaves russas, chamadas de Soyuz e com capacidade para três.
Quando uma equipe de três chegasse ao final de sua missão, eles desencaixariam sua Soyuz e voltariam para a Terra, sobrando outros três membros a bordo na EEI. Em uma questão de dias ou semanas, uma nova tripulação de três seria lançada para a estação espacial voltar ao seu número total de seis membros.
Porém, a partir de 2020, voos com quatro pessoas dentro de espaçonaves comerciais dos Estados Unidos começaram a acontecer e o número de profissionais na estação espacial subiu para sete. Agora, ocorre a transferência direta para garantir que a EEI nunca ficará vazia: uma nova tripulação é lançada antes que a anterior retorne à Terra. Por um curto período de tempo, a estação fica com mais pessoas do que o normal.
Entre 2009 e 2012, durante o programa do Ônibus Espacial, a Estação Espacial Internacional abrigou um total de 13 pessoas a bordo em três momentos diferentes. Na época, um ônibus com sete astronautas foi lançado para a estação espacial, que já contava com outros seis tripulantes para uma missão de longa duração.
Atualmente, 11 astronautas de duas missões da SpaceX estão compartilhando a estação antes da partida da Crew-1 (os que chegaram no último sábado, 24, fazem parte da missão Crew-2). A última vez que 11 astronautas moraram juntos por lá foi em 2010.
Seja indireta ou direta, as atividades realizadas pela tripulação são as mesmas. Os novatos passam seus primeiros dias realizando tarefas de orientação para ficarem acostumados com sua nova casa e também participam do Programa de Pesquisa em Seres Humanos, uma coleta de dados para diversos estudos que buscam entender como os corpos humanos se adaptam no espaço.
Já os que estão de saída da EEI passam seus últimos dias empacotando a carga para o voo da volta, realizando treinamentos para as operações de pouso e coletando amostras finais que podem ser necessárias para projetos de pesquisa em humanos.
Mesmo com tais tarefas, todos os tripulantes continuam trabalhando e realizando a manutenção da espaçonave. Além disso, todos se exercitam cerca de duas horas por dia.
De acordo com a Nasa, a EEI tem o tamanho de uma casa de cinco quartos e conta com sete alojamentos permanentes para a tripulação, que servem como espaços mais privativos para os astronautas durante sua permanência em órbita. Atualmente, existem quatro alojamentos no módulo norte-americano U.S Harmony, um quarto no módulo Colombo Europeu e dois alojamentos no módulo russo Zvezda.
E se tiverem mais astronautas do que quartos? Para resolver, os membros da tripulação identificam locais temporários para a tripulação dormir enquanto o período de transferência não se finaliza. Normalmente, são módulos com menos atividade, como o U.S Quest Airlock ou o módulo japonês Kibo, ou espaçonaves ancoradas.
O astronauta Mike Hopkins da Nasa, por exemplo, dormiu dentro da cápsula da missão Crew-1, da qual ele faz parte, durante seis meses.
Com o programa de Tripulação Comercial da Nasa indo a todo vapor, junto com os voos contínuos da Soyuz, a expectativa da Nasa é realizar quatro transferências por ano. Duas seriam da Soyuz, com intervalo de seis meses, e duas de espaçonaves comerciais dos Estados Unidos, também com o mesmo intervalo.