Ciência

Com vacinas, covid-19 pode se transformar em resfriado leve e comum

Estudo realizado nos Estados Unidos aponta que o vírus Sars-CoV-2 poderá infectar somente crianças com menos de cinco anos no futuro. Sintomas seriam leves

Coronavírus: futuro resfriado comum? É o que aponta um novo estudo (Halfpoint Images/Getty Images)

Coronavírus: futuro resfriado comum? É o que aponta um novo estudo (Halfpoint Images/Getty Images)

RL

Rodrigo Loureiro

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 12h37.

A infecção do vírus Sars-CoV-2, da covid-19, pode se tornar um resfriado considerado “leve” dentro da próxima década. Isso é o que estima uma pesquisa publicada recentemente na revista científica Science. Vale destacar que outros tipos de coronavírus já trilharam este caminho e se tornaram comuns nos dias de hoje.

Para chegar nesta conclusão, Jennie Lavine, pesquisadora da Universidade de Emory, nos Estados Unidos, desenvolveu um modelo matemático que permite a comparação de seis tipos de coronavírus, além do vírus Sars-CoV-2. São quatro vírus já considerados comuns e endêmicos e os vírus Mers e Sars, que causaram surtos nos últimos anos e causaram sintomas graves nos infectados.

Ao que os resultados apontam, o novo coronavírus, que já matou mais de 200 mil pessoas no Brasil, obteve resultados semelhantes ao do primeiro grupo, de vírus endêmicos, em relação a uma previsão de diminuição de letalidade. Isso, porém, somente se as campanhas de vacinação forem realizadas normalmente, já que o imunizante é a peça-chave para controlar a doença.

Lavine ainda explica que que os adultos imunizados contra a doença, os pacientes infectados com o vírus Sars-CoV-2 devem ser crianças de até cinco anos de idade. Neste caso, porém, dificilmente veríamos sintomas graves da doença, como ocorre quando um paciente do grupo de risco é diagnosticado com covid-19.

Por isso, Lavine acredita que os sintomas seriam semelhantes ao de um resfriado comum. Desta forma, o tratamento é mais simples e dificilmente vai exigir a internação em hospitais ou o uso de equipamentos como respiradores e tanques de oxigênio.

"O quanto vai demorar para chegarmos a esse estado endêmico depende de quão rápido o vírus vai se espalhar e de quão rápido será possível vacinar as pessoas”, disse Lavine ao The New York Times. A pesquisadora ainda afirmou que é importante que as pessoas tomem pelo menos a primeira dose da vacina “o mais rápido possível”.

Vale destacar, porém, que virologistas brasileiros consultados pela EXAME já opinaram sobre a vacinação em somente uma dose. De acordo com os especialistas, a falta de uma segunda aplicação de um fármaco para a proteção contra o vírus Sars-CoV-2 pode comprometer seriamente a imunização, já que o organismo não estaria totalmente protegido com apenas uma dose.

“Se o indivíduo toma a primeira dose da vacina, mas não toma a segunda, ele corre o risco de não desenvolver uma resposta imunológica contra aquele agente agressor”, diz Raphael Rangel, virologista e coordenador do curso de biomedicina do Instituto Brasileiro de Medicina e Reabilitação. “A primeira dose prepara o sistema imunológico e a segunda aumenta o potencial imunológico para a defesa contra aquele agente agressor.”

Acompanhe tudo sobre:CoronavírusDoençasGripes

Mais de Ciência

Cientistas encontram cristais de água que indicam possibilidade de vida em Marte

Cientistas criam "espaguete" 200 vezes mais fino que um fio de cabelo humano

Cientistas conseguem reverter problemas de visão usando células-tronco pela primeira vez

Meteorito sugere que existia água em Marte há 742 milhões de anos