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Tamires Vitorio
Publicado em 10 de agosto de 2020 às 10h07.
Última atualização em 10 de agosto de 2020 às 15h14.
Em entrevista à emissora americana National Public Radio, o pesquisador da Universidade do Texas, Vineet Menachery, afirmou que o novo coronavírus pode nunca desaparecer, mesmo com uma vacina --- mas não do jeito que você imagina.
Segundo Menachery, o que pode acontecer é que o vírus se tornará comum o suficiente para ser tratado como um resfriado uma vez que a imunidade de rebanho for uma realidade. "De três a cinco anos o que pode acontecer é que ainda veremos a covid-19 em certas populações, mas a expectativa é de que eventualmente ela se tornará um vírus comum e algo com o qual poderemos lidar e não será necessário hospitalizar as pessoas ou fechar a sociedade", afirmou Menachery.
Apesar disso, o médico não acredita que passaremos "dois ou três anos" seguindo as medidas de distanciamento social ou usando máscaras. "O mais provável de acontecer é alcançarmos a imunidade de rebanho. O melhor jeito é por meio de uma vacina", disse. "Vírus como o SARS e o MERS, se você for infectado por eles e se recupera, geralmente a sua resposta imune dura um bom tempo. Não sabemos se o mesmo é válido com o SARS-CoV-2. Não está claro se a imunidade vai se dissipar com o tempo", disse ele.
Com 19.877.261 casos confirmados globalmente e 731.864 mortes segundo o monitoramento em tempo real da universidade americana Johns Hopkins, fica complicado afirmar quando nos veremos totalmente livres da doença.
Para Menachery, no entanto, "é preciso lembrar que nunca tivemos sucessos em erradicar outros vírus". "A única exceção é a varíola, mas muitos vírus existem não só na população humana como na animal. Então os coronavírus podem ser eliminados da humanidade, como o SARS em 2002, mas sabemos que esse vírus ou vírus similares ainda vão existir na natureza e em algum momento ganharão as ferramentas necessárias para nos afetar novamente", explicou.
A teoria da imunidade consiste no efeito de proteção que surge nas pessoas quando grande parte se vacinou contra uma doença — assim, mesmo quem não tomou a vacina fica protegido. Muitos acreditam que o indivíduo, ao contrair a SARS-CoV-2, se torna imune a ela.
Assim, quanto mais gente for infectada, maior a chance de todos se tornarem imunes.
É daí que vem o termo “imunidade de rebanho”. Com ela, todos estariam protegidos. No caso da covid-19, fica difícil imaginar que a situação possa ser resolvida dessa forma, já que ainda não existe uma vacina.
Um estudo divulgado neste mês pela Universidade King’s College, de Londres, indicou que os níveis de anticorpos contra o coronavírus chegam ao pico três semanas após o início dos sintomas. No entanto, a contagem de anticorpos diminui rapidamente nas semanas seguintes.
Outra pesquisa, feita com base em um vírus semelhante por pesquisadores de Singapura, informa que a proteção contra o vírus podem ser “lembrada” por anos pelo organismo humano. Um tipo de células do sistema imunológico, as células T, ainda estão ativas contra o vírus Sars (também da família coronavírus) 17 anos depois da infecção.
Mesmo com o avanço das pesquisas, o tempo de duração da imunidade contra o novo coronavírus permanece um mistério e apenas mais estudos sobre o tema poderão revelar por quanto tempo o corpo humano pode ficar protegido de novas infecções.