Ciência

Com leitor cerebral, pessoas com paralisia total dizem amar viver

Pacientes com síndrome de encarceramento conseguiram se comunicar por meio de interface homem-máquina

Leitor cerebral: pacientes puderam responder a perguntas com sim ou não (Reprodução)

Leitor cerebral: pacientes puderam responder a perguntas com sim ou não (Reprodução)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 19h52.

São Paulo – Pesquisadores da Alemanha desenvolveram uma técnica que permite que pacientes com paralisia total (síndrome do encarceramento) possam responder a perguntas simples com "sim" ou "não". Ao perguntarem a três pacientes se eles concordavam com a frase "eu amo viver", eles responderam que sim.

O estudo foi publicado nesta semana no jornal científico PLOS Biology e informa que todas as quatro pessoas que participaram (uma delas não respondeu à pergunta sobre o amor à vida, a pedido da família) tinham esclerose lateral amiotrófica (ELA), quando o cérebro deixa de ter a capacidade de controlar os músculos.

Falar é impossível. Normalmente, pacientes com essa doença podem se comunicar apenas movendo os olhos – e alguns podem perder essa habilidade.

A nova interface homem-máquina (uma espécie de leitor cerebral) foi projetada pelo neurocientista Niels Birbaumer e se parece com uma touca de natação, como descreve o Technology Review. Ela detecta mudanças de ondas elétricas do cérebro, bem como do sangue.

Como informa a BBC, os cientistas conseguiram analisar os cérebros dos pacientes para identificar as mudanças que as células sofrem devido aos níveis de oxigênio no sangue, que alteram a cor do sangue.

Essa técnica, que consiste em identificar a cor, é chamada espectroscopia no infravermelho próximo. O novo sistema apresentou taxa de precisão de 75%.

Os especialistas acreditam que o avanço na possibilidade de comunicação de pacientes seja muito significativo, já que eles podem responder às perguntas mais básicas do dia a dia sem esforço. A meta agora é expandir as possibilidade de comunicação.

Black Mirror

Um dos pacientes, que participaram do estudo de 10 dias de duração, negou repetidas vezes a permissão da mão de sua filha em casamento ao namorado.

Ao tomar ciência disso, o criador do seriado Black Mirror, que tem episódios distópicos sobre ficção científica, comentou a publicação do estudo no Twitter: "Ok, isso é realmente uma notícia tirada direto de Black Mirror – até o fim".

O casal se casou à revelia da opinião do pai. "Nada ficar no caminho do amor", declarou a BBC o professor Ujwal Chaudhary, que participou do estudo.

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