Ciência

Cloroquina agrava casos de coronavírus e pode causar mortes, diz Oxford

Estudo preliminar da universidade aponta que a cloroquina não é eficiente para tratar covid-19

Cloroquina: segundo estudo, remédio não é eficiente na luta contra o coronavírus (George Frey/Reuters)

Cloroquina: segundo estudo, remédio não é eficiente na luta contra o coronavírus (George Frey/Reuters)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 16 de julho de 2020 às 16h37.

Última atualização em 16 de julho de 2020 às 16h45.

Um estudo preliminar publicado pela Universidade de Oxford nesta quarta-feira, 15, apontou que a hidroxicloroquina não tem benefícios contra o novo coronavírus e foi responsável pelo agravamento e pela morte de alguns infectados. Para chegar a essa conclusão, mais de 1.500 pessoas tratadas com a medicação foram analisadas pela universidade britânica.

O estudo de controle foi feito pelos pesquisadores com base na comparação entre 1.561 pacientes que estavam tomando a cloroquina e 3.155 que tiveram o tratamento-padrão para a covid-19. O método utilizado não foi o duplo-cego, considerado o mais isento pela comunidade científica — quando nem os pacientes nem os cientistas sabem exatamente qual medicamento está sendo administrado — e a pesquisa pode sofrer mudanças até o momento de sua publicação.

Dos mais de 1.500 que tomaram o remédio, 26,8% morreram em uma média de 28 dias — porcentagem um pouco menor para o segundo grupo, de 25%.

A pesquisa também mostra que os pacientes que tomaram a hidroxicloroquina tiveram menor probabilidade de saírem vivos do hospital no prazo de 28 dias.

A conclusão dos cientistas é que, quando os indivíduos são tratados com a medicação, eles tendem a ter uma internação maior e também correm mais riscos de chegar ao ponto de usar os ventiladores pulmonares ou de morrerem por causa das complicações causadas pelo vírus.

"Embora preliminares, os resultados indicam que a hidroxicloroquina não é um tratamento efetivo para os pacientes hospitalizados com covid-19", dizem os cientistas em uma parte da pesquisa.

Os resultados foram os mesmos apesar da idade, do gênero, do período desde que a doença começou a se manifestar e dos riscos prévios apresentados pelos pacientes.

A pesquisa faz parte do Recovery Trial, grupo coordenado pela Universidade de Oxford para realizar os testes de potenciais drogas contra a covid-19, como é o caso da hidroxicloroquina, que, no começo da pandemia, foi estudada como um possível tratamento. Outros remédios estudados pela iniciativa são o anti-inflamatório dexametasona e o lopinavir–ritonavir (remédio usado contra o vírus HIV).

Divulgado no site medRxiv, o estudo ainda não passou pela avaliação de pares e também não foi publicado em uma revista científica.

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