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Clonar alpacas é a meta da universidade mais antiga das Américas

Os cientistas buscam simular nas alpacas um processo natural que ocorre em condições normais nos humanos, quando são gerados gêmeos

 (Nadiamik/Getty Images)

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EFE

Publicado em 11 de maio de 2018 às 11h33.

Última atualização em 11 de maio de 2018 às 11h34.

Após inaugurar o primeiro laboratório do mundo dedicado à pesquisa sobre clonagem de alpacas, agora a Universidade Nacional Mayor de San Marcos, em Lima, no Peru, a mais antiga das Américas, trabalha para conseguir novos exemplares deste camelídeo através da manipulação de embriões.

Tal como ocorre nos gêmeos humanos univitelinos, ou de um só zigoto (célula que é formada após a fecundação do óvulo), o projeto pretende dividir um embrião maduro de alpaca em dois, a partir da micromanipulação embrionária.

Assim, os cientistas buscam simular nas alpacas um processo natural que ocorre em condições normais nos humanos, quando são gerados gêmeos, explicou à Agência Efe a bióloga e professora Martha Valdivia, líder da equipe científica.

A equipe vem realizando pesquisas sobre essa variedade de camelídeo sul-americano por mais de 20 anos. O trabalho se justifica pela importância que o animal tem para o Peru, onde é considerado, pela alta qualidade das fibras de sua lã, um dos principais produtos do país.

No entanto, a pesquisa altamente especializada sobre a clonagem desses animais só se tornou possível em 2017, graças aos recursos que o projeto ganhou, com fundos estatais para adquirir equipamento científico.

Assim, a equipe conseguiu inaugurar em abril uma unidade de biotecnologia reprodutiva de alta complexidade, na faculdade de Ciências Biológicas de San Marcos.

A tecnologia de microcirurgia embrionária já foi aplicada antes em outros animais, como os bovinos, mas, no caso das alpacas, esta seria a primeira vez.

Apesar de ter 87% da população mundial de alpacas (mais de 3,6 milhões), não são poucos os problemas que esse animal enfrenta no Peru em relação à reprodução e à taxa de mortalidade dos embriões.

"Observamos que as alpacas ainda têm problemas, têm dificuldades reprodutivas, e quando fazem a transição do desmame da mãe para a alimentação com grama e folhas. Além disso, elas têm muita mortalidade embrionária, e muitas são afetadas quando as temperaturas caem substancialmente", explicou Valdívia à Efe.

Por isso, os especialistas consideram que a clonagem pode permitir que a produtividade dos criadores de alpacas melhore consideravelmente, tanto em quantidade como em qualidade.

A pesquisadora destacou que, a partir de "um exemplar de boa variabilidade genética, boa fibra, e boa quantidade de carne", é possível alcançar com essa tecnologia "um maior número de indivíduos" similares.

"Ou seja, poderíamos ter mães substitutas, transferindo um embrião produzido por microcirurgia embrionária. Uma parte vai para uma mãe e a outra para uma segunda", disse Valdívia.

Assim, a partir de uma fecundação, poderia ser poupado um ano de produtividade, que é o tempo aproximado de gestação das alpacas.

"Nós, como biólogos, trabalhamos em favor da produtividade. Estamos fazendo os esforços para ter óvulos maduros, ter espermatozoides prontos, com a finalidade de ter embriões posteriormente", comentou a especialista.

A intenção é que esses embriões sejam, precisamente, "divididos utilizando o micromanipulador para ter dois exemplares idênticos".

Martha Valdívia estima que, ao término do primeiro ano do trabalho em laboratório, será possível contar com embriões de alpaca, para passar ao segundo ano de bipartição embrionária.

No terceiro ano, os especialistas esperam que o trabalho permita a transição para os primeiros nascimentos de clones de alpacas.

"É uma tecnologia que não é simples, e, além disso, descobrimos que, em nível mundial, não existem muitos especialistas. Portanto estamos trabalhando duro e não descansaremos até conseguirmos gerar os primeiros clones em San Marcos", concluiu a bióloga peruana. EFE

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