Ciência

Clima pode ser culpado pelo fim da civilização maia, segundo cientistas. Entenda a descoberta

Análise de estalagmite em caverna no México identificou que secas e chuvas severas agravaram crise da população maia

Cientistas conseguiram identificar com precisão a quantidade de chuva que chegava a cada colheita (Park Postojnka Jama/Reprodução)

Cientistas conseguiram identificar com precisão a quantidade de chuva que chegava a cada colheita (Park Postojnka Jama/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 16 de agosto de 2025 às 19h24.

Um estudo recente, publicado na Science Advances, traz uma descoberta surpreendente sobre a civilização maia e como o clima desempenhou um papel crucial em seu colapso.

Pesquisadores da Universidade de Cambridge analisaram amostras de uma estalagmite encontrada na caverna Grutas Tzabnah, no noroeste da Península de Yucatán, no México, e identificaram uma série de secas severas que marcaram o fim de uma das sociedades mais complexas da Mesoamérica.

Entre os anos de 871 e 1021 d.C., um período de seca extrema de 13 anos, junto com outras sete estiagens prolongadas, teria comprometido profundamente a agricultura, a política e a organização social dos maias.

Segundo os pesquisadores, a falta de chuvas suficientes durante a estação chuvosa resultou em um esgotamento dos sistemas de armazenamento de água, essenciais para a subsistência das cidades maias.

O impacto disso foi devastador: uma civilização que havia dominado a astronomia, a matemática e possuía técnicas agrícolas avançadas viu seus centros urbanos entrarem em colapso devido à escassez de alimentos e à instabilidade política.

Clima pode ser culpado

O estudo se destaca por ser o primeiro a isolar, com precisão, os dados climáticos das estações chuvosa e seca, revelando falhas repetidas no regime de chuvas durante um período de 150 anos.

Ao contrário de estudos anteriores, que dependiam de sedimentos lacustres, os cientistas conseguiram identificar com precisão a quantidade de chuva que chegava a cada colheita, algo vital para entender como o clima afetou diretamente a vida cotidiana dos maias.

Esse tipo de análise não só amplia a compreensão das dificuldades climáticas enfrentadas pelos maias, mas também oferece uma visão detalhada de como esses fatores naturais se interligaram com as instabilidades internas da sociedade.

Em momentos de seca severa, a construção de monumentos com inscrições foi interrompida, como em Chichén Itzá, um dos maiores centros urbanos da época. Isso indica que, além da escassez de recursos, a sociedade maia enfrentava uma crise tão profunda que afetou até mesmo as manifestações culturais e religiosas, que estavam intimamente ligadas ao poder político.

"Sedimentos lacustres são ótimos quando se quer ter uma visão geral, mas as estalagmites nos permitem acessar os detalhes minuciosos que estávamos perdendo", comentou Daniel H. James, pesquisador de pós-doutorado na University College London (UCL). Para James, a análise das estalagmites possibilita uma compreensão mais profunda do impacto das secas nas civilizações antigas.

As secas prolongadas não só afetaram a produção de alimentos, mas também pressionaram as estruturas sociais e políticas, intensificando guerras internas e forçando o deslocamento de populações. Muitas das cidades maias foram abandonadas, especialmente nas regiões mais ao sul, enquanto outras buscaram refúgio no norte da Península de Yucatán.

Além de melhorar a compreensão sobre o impacto das secas, o estudo também abre portas para futuras pesquisas sobre outras cavernas da região. Com isso, pode-se estudar não apenas as secas, mas também as tempestades tropicais, outro fator climático que pode ter influenciado o destino da civilização maia.

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