Ciência

Cientistas produzem "luz líquida" em temperatura ambiente

Descoberta de pesquisadores italianos e canadenses pode viabilizar melhores painéis solares, lasers e até computadores

Luz: cientistas usaram técnica avançada para deixá-la em "estado líquido" (Reprodução/Thinkstock)

Luz: cientistas usaram técnica avançada para deixá-la em "estado líquido" (Reprodução/Thinkstock)

Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 19 de junho de 2017 às 14h56.

Última atualização em 19 de junho de 2017 às 17h57.

São Paulo -- Pela primeira vez, cientistas conseguiram deixar a luz em "estado líquido" sob temperatura ambiente. A luz se comporta ora como partícula, ora como onda, mas ela pode se transformar em uma espécie de super-líquido, sem fricção ou viscosidade, sob condições extremas. Agora, isso se tornou possível sem ser preciso que a temperatura esteja próxima do zero absoluto.

Esse líquido de luz é também considerado um condensado Bose-Einstein, que segue as regras da física quântica, em vez da física clássica.

O método utilizado pelos cientistas para criar essa luz líquida envolve uma complexa combinação de luz e matéria, além do uso de polariton, uma quase partícula que surge da mescla de uma onda luminosa e de uma onda de polarização elétrica. Seguindo as regras da física quântica, essa quase partícula se comporta como uma partícula, como um elétron.

Com isso, a luz passou a se comportar como um líquido, se posicionando ao redor de um obstáculo.

Para fazer isso acontecer, foram necessários equipamentos de ponta e um trabalho de engenharia nanoscópica. Os cientistas colocaram uma camada de 130 nanômetros de moléculas entre dois espelhos ultrarreflexivos e dispararam o material orgânico usando um pulso laser de 35 femtossegundos--cada unidade corresponde a um quadrilionésimo de segundo.

"A observação extraordinária do nosso trabalho é que demonstramos que a superfluidez pode ser produzida igualmente sob temperatura ambiente com a ajuda de polaritones", diz, em nota, Daniele Sanvitto, do Instituto de Nanotecnologia de CNR Nanotec, na Itália, cuja equipe trabalhou em colaboração com um time de pesquisadores da universidade Polytechnique Montreal, no Canadá. O estudo completo foi publicado no jornal Nature Physics.

Esse super-líquido não se comporta exatamente como um líquido comum. Por ser diferente, ele não gera redemoinhos ou ondulações quando é perturbado. A imagem abaixo compara o comportamento de um líquido comum com o dessa luz em estado líquido.

Luz-estado-liquido

- (Polytechnique Montreal/Reprodução)

Esse feito científico pode ter implicações no avanço da tecnologia, pois pode viabilizar, no futuro, a produção de materiais super-condutivos para melhorar telas LED, lasers e painéis solares. Computadores que tirem proveito dessa nova descoberta também não são descartados.

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