Vista de Marte (Wikimedia Commons/Wikimedia Commons)
AFP
Publicado em 1 de abril de 2019 às 17h18.
A presença de metano na atmosfera de Marte foi confirmada por uma nova análise dos dados da sonda Mars Express, anunciaram nesta segunda-feira (1) pesquisadores que ressaltam que este gás pode ser um indicador de uma vida micro-orgânica ou resultado do processo geológico.
A sonda europeia Mars Express, em órbita ao redor do planeta desde o final de 2003, já havia detectado traços de metano em sua atmosfera em 2004, graças ao seu espectrômetro infravermelho PFS. Mas esses resultados não haviam convencido totalmente os cientistas por razões técnicas.
Em junho de 2018, a NASA anunciou, por sua vez, que seu robô móvel Curiosity havia detectado metano na atmosfera marciana em 15 de junho de 2013 perto da cratera Gale. No entanto, estes resultados "in situ" levantaram muitos questionamentos, com alguns se perguntando se este metano não provinha do rover (o robô móvel), lembrou à AFP Marco Giuranna, do Instituto Italiano de Astrofísica em Roma.
Neste meio tempo, a equipe internacional liderada por este pesquisador italiano conseguiu melhorar a qualidade dos dados coletados pelo espectrômetro infravermelho da Mars Express, uma missão da Agência Espacial Europeia (ESA).
"Desenvolvemos uma nova abordagem para selecionar, processar e recuperar os dados" do espectrômetro, explicou Marco Giuranna. "Isso reduziu em grande parte a incerteza em torno das medidas do PFS", acrescentou.
Pouco antes da aterrissagem em 2012 da sonda Curiosity na cratera de impacto Gale, "decidi conduzir um monitoramento a longo prazo da atmosfera marciana" neste local, contou o pesquisador, cujo estudo foi publicado na Nature Geoscience.
Em 16 de junho de 2013, um dia depois da Curiosity, o espectrômetro da Mars Express registrou um "pico de emissão" de metano acima da cratera.
Estes resultados constituem "uma confirmação independente das medidas da Curiosity", ressalta o estudo.
Encontrar metano (CH4) em Marte é muito importante para os planetólogos, porque "pode ser um indicador de uma vida microbiana", observou o pesquisador. Mas a presença desse gás também pode resultar de reações geoquímicas, não relacionadas à vida.
Cereja no topo do bolo, a equipe de Marco Giuranna acredita ter conseguido localizar a fonte dessa emissão de metano em uma região de falha situada a leste da cratera Gale.
Para localizar a fonte, os pesquisadores conduziram dois estudos separados, um baseado em modelagem numérica, o outro baseado em uma análise geológica do local. Os resultados de ambos os estudos apontam para a mesma área.
"É muito emocionante e muito inesperado", entusiasmou-se o pesquisador italiano.
"Nós identificamos falhas tectônicas que poderiam se estender sob uma região coberta por uma fina camada de gelo (...) É possível que o gelo retenha o metano subsuperficialmente e libere episodicamente quando as falhas quebrarem", acrescentou Giuseppe Etiope, do Instituto Nacional de Geofísica e Vulcanologia de Roma.