Exoplanetas: Nasa identifica presença de água em planeta fora do sistema solar (NASA/Hubble/YouTube/Reprodução)
Maria Eduarda Cury
Publicado em 13 de setembro de 2019 às 11h59.
Última atualização em 13 de setembro de 2019 às 12h01.
São Paulo - Pela primeira vez, cientistas encontraram água que não pertence a um sistema solar. O planeta K2-18b, descoberto em 2015 por um telescópio da agência espacial Nasa, possui temperaturas parecidas com o planeta Terra, apesar de estarem a cerca de 160 milhões de quilômetros distantes um do outro. A água descoberta em sua superfície estava em formato de vapor, mas suas temperaturas indicam que a água pode ser encontrada no estado líquido.
Dentre os mais de 4 mil planetas extrassolares, o K2-18b é o primeiro a possuir tanto uma superfície rochosa como uma atmosfera com água. Grande parte dos exoplanetas são constituídos quase que inteiramente por gás, e não estão próximos de suas estrelas - o que dificulta a presença de água líquida em suas atmosferas. O K2-18b, no entanto, é um dos poucos planetas que se encontram em uma zona habitável, o que significa que está próximo de sua estrela e pode acabar gerando vida.
Giovanna Tinetti, astrônoma e co-autora da pesquisa, disse que o K2-18b é o planeta mais provável a abrigar vida fora do sistema solar. "Este planeta é o melhor candidato que temos fora do nosso sistema solar [na busca por sinais de vida]. Não podemos afirmar que existam oceanos na superfície, mas é uma possibilidade real", disse Tinetti em comentário no estudo.
Chamado de "super-Terra", o K2-18b é um dos mais de 100 planetas encontrados pela sonda Kepler, da Nasa, que possuem uma massa quase dez vezes maior do que a massa terrestre. Ainda que exista a possibilidade do planeta se tornar uma opção para a reprodução de vida no futuro, a pesquisadora Sara Seager, que não estava envolvida na pesquisa, disse em entrevista para o site americano The Verge que o K2-18b não será parecido com a Terra. "Definitivamente não é rochoso da maneira que conhecemos um planeta rochoso", informou Seager. Isso pode diminuir as chances de sobrevivência, já que planetas como a Terra são uma combinação de rochas e água.
Atualmente, cientistas acreditam que o gás que existe em volta do K2-18b pode acabar impedindo que exista vida, da maneira como é conhecida, na superfície do planeta. Mas o planeta estudado orbita em uma posição que pode facilitar a presença de vida, ainda que não seja em forma humana, como esperado. Angelos Tsiaras, autor da pesquisa, disse em comentário no estudo que a pesquisa é animadora. "Encontrar água em um mundo potencialmente habitável que não seja a Terra é incrivelmente emocionante", disse Tsiaras.
Para identificar a presença do vapor de água na superfície, cientistas da Nasa utilizaram o Telescópio Espacial Hubble, desenvolvido pela agência espacial norte-americana, para analisar por meio de algoritmos a luz que as estrelas presentes na atmosfera do K2-18b apresentavam. Com isso, foram capazes de decifrar a assinatura em códigos da água em vapor.
A porcentagem de água na superfície, no entanto, ainda é incerta. Os modelos revelados em computadores indicaram uma concentração entre 0,1% e 50% - o que é bastante vago. Na Terra, a porcentagem de vapor de água encontrada na atmosfera varia entre 0,2% e 4%. Outros elementos identificados pelo Hubble, ainda que em pequena quantidade, foram hidrogênio, hélio e metano.