Cientistas conseguiram fazer com que o óvulo humano se desenvolvesse fora do ovário (Wikimedia Commons)
EFE
Publicado em 9 de fevereiro de 2018 às 10h14.
Última atualização em 9 de fevereiro de 2018 às 10h43.
Londres - Uma equipe científica britânica desenvolveu óvulos humanos em um laboratório pela primeira vez, o que poderia derivar, potencialmente, em melhora nos tratamentos de fertilidade, segundo um estudo divulgado nesta sexta-feira.
De acordo com o relatório divulgado na publicação britânica "Molecular Human Reproduction", especialistas da Universidade escocesa de Edimburgo extraíram células de óvulos do tecido do ovário em suas primeiras fases de desenvolvimento e as fizeram crescer fora até estarem prontas para ser fertilizadas.
Os cientistas conseguiram fazer com que o óvulo humano se desenvolvesse fora do ovário, a partir de sua fase mais nova até alcançar a plenitude de sua maturidade.
O estudo outorga, além disso, à comunidade científica, a oportunidade de explorar o desenvolvimento do óvulo humano, algo que continua deixando dúvidas.
No entanto, os pesquisadores admitem que é preciso realizar novos estudos para que este método possa ser usado clinicamente, mas é relevante pois oferece esperança a mulheres e meninas que se submetem a tratamentos como quimioterapia - com riscos para a esterilidade -, ao permitir recuperar óvulos imaturos e fazer com que amadureçam fora do ovário, para ser posteriormente armazenados para a futura fertilização.
Atualmente, as mulheres podem congelar seus óvulos maduros - ou inclusive embriões se foram fertilizados com o esperma de um casal - antes de começar tratamentos médicos deste tipo, mas esta opção não é possível no caso de meninas que tiveram câncer.
O professor Evelyn Telfer, da Universidade de Edimburgo e líder da pesquisa, afirmou hoje que "poder desenvolver dos todos óvulos humanos em laboratório poderia alargar o espectro dos tratamentos de fertilidade disponível".
"Agora trabalhamos para otimizar as condições que apoiam o desenvolvimento do óvulo desta maneira e estudar o quão sãos eles estão", apontou.
Os cientistas acreditam, além disso, que é preciso "investigar, atendendo à aprovação das normativas, se (esses óvulos) podem ser fertilizados", uma opção cuja viabilidade ainda não se demonstrou.
Por sua vez, Daniel Brison, do Departamento de Reprodução Assistida da Universidade de Manchester (norte da Inglaterra), indicou que essa pesquisa representa um "passo adiante emocionante, que mostra pela primeira vez que o desenvolvimento completo dos óvulos humanos em laboratório é possível".
Esse especialista acrescentou que "ainda é preciso realizar mais pesquisas, mas isto poderia abrir caminho para a preservação da fertilidade das mulheres e meninas com uma variedade mais ampla de câncer do que é possível com os tratamentos atuais".