Ciência

Cientistas descobrem que pássaros 'nidificavam' no Ártico durante a era dos dinossauros

A descoberta de mais de 50 fósseis de aves na formação Prince Creek, no Alasca, representa a evidência mais antiga da presença de aves nessa região

Mateus Omena
Mateus Omena

Repórter

Publicado em 29 de maio de 2025 às 19h08.

Última atualização em 29 de maio de 2025 às 19h25.

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Há 73 milhões de anos, o Ártico, hoje conhecido por ursos polares e focas, era habitado por dinossauros e diversas espécies de aves, segundo pesquisadores que encontraram fósseis na região.

A descoberta de mais de 50 fósseis de aves na formação Prince Creek, no Alasca, representa a evidência mais antiga de aves nidificando em regiões polares, antecipando em mais de 25 milhões de anos o registro anterior.

“A evidência mais antiga de nidificação polar é uma colônia de pinguins do Eoceno da Antártida [que viveu há cerca de 46,5 milhões de anos]”, afirmou Lauren Wilson, primeira autora do estudo realizado na Universidade de Princeton.

Atualmente, mais de 200 espécies de aves fazem ninhos no Ártico, exercendo papéis essenciais no ecossistema, como a polinização e a dispersão de sementes. As descobertas sugerem que a presença dessas aves na região não é recente.

“Esses novos fósseis preenchem uma lacuna importante em nossa compreensão da evolução das aves”, declarou o professor Patrick Druckenmiller, diretor do Museu do Norte da Universidade do Alasca e coautor do estudo publicado na revista Science.

Embora as primeiras aves tenham surgido no Jurássico Superior, há cerca de 150 milhões de anos, a fragilidade dos ossos dessas aves torna seu registro fóssil raro. “Antes deste trabalho, e com exceção de algumas pegadas, fósseis de aves não eram conhecidos no Alasca”, explicou Druckenmiller.

A equipe de pesquisa utilizou métodos detalhados, incluindo a lavagem e a peneiração de depósitos arenosos para encontrar fósseis minúsculos, muitos medindo menos de 2 milímetros.

“Foi literalmente como garimpar ouro, exceto que ossos de pássaros são o nosso prêmio”, comentou Druckenmiller.

Wilson acrescentou que muitos ossos pertenciam a embriões ou filhotes. Pelo menos uma espécie identificada pertence ao grupo extinto Ichthyornithes, que teria se assemelhado a uma gaivota com dentes. A equipe também encontrou fósseis do grupo Hesperornithes, aves mergulhadoras com propulsão por patas e dentes.

Grande parte dos fósseis pertence a aves desdentadas semelhantes a patos, uma característica do grupo Neornithes, que inclui todas as aves atuais e seu ancestral comum. Isso indica que as aves que nidificavam no Ártico há milhões de anos tinham parentesco próximo com as espécies modernas.

Druckenmiller observou que o ecossistema de Prince Creek, 73 milhões de anos atrás, teria vivido cerca de seis meses de luz solar contínua no verão, com vegetação abundante e alimentos em oferta. Por outro lado, os invernos seriam frios, embora menos rigorosos que os atuais, com temperaturas abaixo de zero, nevascas e cerca de quatro meses de escuridão.

Wilson afirmou que os fósseis confirmam a reprodução das aves no Ártico, mas não esclarecem se elas passavam o inverno na região, sugerindo que algumas poderiam ser migratórias.

Para o professor Steve Brusatte, da Universidade de Edimburgo, que não participou da pesquisa, os fósseis, apesar do tamanho diminuto, trazem um grande significado.

“Esses fósseis mostram que as aves já eram partes integrantes dessas comunidades de altas latitudes há muitas dezenas de milhões de anos e, portanto, que essas comunidades são uma norma de longo prazo da história da Terra, não uma inovação ecológica recente dos tempos modernos”, afirmou.

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