Ciência

Cientistas descobrem pela primeira vez acelerador de raios cósmicos

Especialistas ainda têm dúvidas de como esses raios chegam à Terra

Raios cósmicos são partículas carregadas que se deslocam pelo espaço quase à velocidade da luz (Divulgação/Nasa)

Raios cósmicos são partículas carregadas que se deslocam pelo espaço quase à velocidade da luz (Divulgação/Nasa)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 27 de fevereiro de 2024 às 11h33.

Cientistas de um observatório no sudoeste da China afirmam ter identificado um super acelerador de raios cósmicos - uma descoberta que pode mudar a nossa compreensão da origem e da fonte dos raios cósmicos em nossa galáxia.

A existência de uma estrutura semelhante a uma bolha - cerca de 10 milhões de vezes maior do que o nosso sistema solar - poderia explicar como os raios gama podem ter se originado dentro da Via Láctea, em contraste com teorias anteriores sobre suas origens.

De acordo com artigo publicado pela revista científica Science Bulletin e divulgado pelo South China Morning Post, a estrutura foi observada na constelação de Cygnus pelo Large High Altitude Air Shower Observatory (Lhaaso), na província de Sichuan.

Cao Zhen, professor do Instituto de Física de Alta Energia da Academia Chinesa de Ciências, disse à agência de notícias estatal Xinhua que "esse é o primeiro acelerador de raios cósmicos identificado".

Os raios cósmicos são partículas carregadas que se deslocam pelo espaço quase à velocidade da luz. Embora tenham sido descobertos há mais de 100 anos, os cientistas ainda não têm certeza de como os raios que chegam à Terra foram formados e de onde se originaram.

Acreditava-se que os raios cósmicos com energia inferior a 1 PeV (peta-elétron-volt, a maior casa de medida quando se trata de fenômenos do tipo) eram originários da Via Láctea, enquanto os raios com energia acima desse ponto eram originários de fora da nossa galáxia, disse Cao à Sichuan News Network.

No entanto, em 2020, foram descobertos fótons de energia ultra-alta gerados por raios cósmicos com mais de 1 PeV de energia originários de Cygnus. O último artigo detalha como esses raios poderiam ter se formado.

Os pesquisadores descobriram que a estrutura em forma de bolha na região de formação de estrelas da constelação - chamada Cygnus X - continha vários fótons com mais de 1 PeV, incluindo um de até 2,5 PeV.

De acordo com o South China Morning Post, no centro da bolha, a equipe identificou um aglomerado estelar maciço chamado Cygnus OB2, que contém muitas estrelas jovens e quentes, algumas com temperaturas de superfície de mais de 35.000 graus Celsius - o que pode ser o acelerador de raios cósmicos.

O acelerador de raios cósmicos é capaz de injetar raios cósmicos no espaço interestelar a uma energia de 10 a 25 PeV, que colidem com o gás interestelar para produzir os fótons observados com energias de 1 PeV ou mais.

Cao disse à Sichuan News Network que as estrelas do aglomerado têm uma intensidade de radiação "de cem a um milhão de vezes maior que a do Sol". Os materiais soprados das superfícies das estrelas pela pressão da radiação criam ventos de alta velocidade que colidem com o meio interestelar, formando um acelerador de partículas

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