Repórter
Publicado em 25 de junho de 2025 às 20h05.
Última atualização em 25 de junho de 2025 às 20h14.
Cientistas divulgaram, nesta terça-feira, 24, a descoberta de 20 novos vírus em morcegos na província de Yunnan, na China, entre eles, dois que estão relacionados aos letais Nipah e Hendra. A pesquisa levanta preocupações sobre a possibilidade desses vírus, encontrados em animais, poderem infectar seres humanos, segundo a Bloomberg.
Os vírus de interesse, pertencentes ao gênero Hepinavirus, foram identificados em morcegos frugívoros capturados perto de pomares próximos a vilarejos, onde o contato entre humanos, animais de fazenda e vida selvagem é mais frequente. Isso aumenta a possibilidade de transmissão de patógenos entre essas espécies.
O estudo, publicado na revista PLOS Pathogens, revela quanto ainda desconhecemos sobre os micróbios transportados por morcegos. Esses animais são conhecidos por servirem como hospedeiros naturais para alguns dos patógenos mais perigosos para os seres humanos.
A pesquisa, conduzida por cientistas da China e da Universidade de Sydney (Austrália), envolveu a análise de 142 morcegos ao longo de quatro anos. Ao todo, foram identificados 22 vírus, sendo que 20 deles eram inéditos. Os dois vírus relacionados ao Nipah e Hendra têm o potencial de causar doenças graves, como inflamação cerebral fatal e problemas respiratórios, com taxas de mortalidade de até 75% em humanos.
Os pesquisadores também encontraram duas novas espécies bacterianas e um parasita até então desconhecido. Diferentemente de outros estudos sobre morcegos, que costumam focar nas fezes desses animais, a pesquisa se concentrou na análise do tecido renal, que desempenha um papel importante na excreção de vírus pela urina, uma via de transmissão ainda pouco explorada, mas que pode ser significativa.
A descoberta dos dois novos vírus, em morcegos frugívoros que vivem em áreas agrícolas, alerta para a possibilidade de a urina dos morcegos contaminarem frutas consumidas por seres humanos ou animais de fazenda.
Os cientistas destacam que as ameaças zoonóticas, ou seja, aquelas que podem ser transmitidas entre animais e seres humanos, precisam ser monitoradas de perto. Eles alertam para a urgência de se compreender o risco de tais vírus, uma vez que podem gerar surtos como os já vistos com SARS, Ebola e covid-19.