Ciência

Cientistas da USP sequenciam genoma do coronavírus dois dias após 1º caso

Em média, no resto do mundo, os grupos de pesquisa estão levando cerca de 15 dias para conseguir fazer o sequenciamento

Coronavírus: amostra foi retirada do paciente de 61 anos de São Paulo (China Daily/Reuters)

Coronavírus: amostra foi retirada do paciente de 61 anos de São Paulo (China Daily/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 28 de fevereiro de 2020 às 20h39.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2020 às 20h41.

Em apenas 48 horas desde a confirmação do primeiro caso brasileiro de infecção pelo novo coronavírus, pesquisadores brasileiros conseguiram sequenciar o genoma do coronavírus que chegou ao País. 

O trabalho foi conduzido por cientistas do Instituto Adolfo Lutz do Instituto de Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da USP e da Universidade de Oxford. Eles fazem parte de um projeto chamado Cadde, apoiado pela Fapesp e pelo Medical Research Centers, do Reino Unido, que desenvolve novas técnicas para monitorar epidemias em tempo real.

Conhecer os genomas completos do vírus, que recebeu o nome de SARS-CoV-2, nos vários locais onde ele aparece, é importante para compreender como se dá sua dispersão e para detectar mutações que possam alterar a evolução da doença. Isso pode ajudar no desenvolvimento de vacinas e de tratamentos.

A amostra, retirada do paciente de 61 anos de São Paulo, que passou quase duas semanas na região da Lombardia, a mais afetada da Itália, confirma que ela veio da Europa. É geneticamente parecida com a de um genoma sequenciado na Alemanha.

Pesquisadores italianos já isolaram o vírus que circula no país, mas não depositaram ainda o sequenciamento do genoma em nenhum banco público para comparação.

"Uma sequência só não revela muita coisa, mas a importância é mostrar que rapidamente somos capazes de fazer e colocar isso à disposição de outros cientistas do mundo. Quanto mais genomas tivermos, mais podemos entender como a epidemia vai evoluindo no mundo. Por isso precisamos ter isso muito rapidamente", explicou ao jornal O Estado de S. Paulo a pesquisadora Ester Sabino, do Instituto de Medicina Tropical.

Em média, no resto do mundo, os grupos de pesquisa estão levando cerca de 15 dias para conseguir fazer o sequenciamento. O projeto brasileiro foi lançado justamente com o objetivo de agilizar esse processo, para ajudar a fornecer informações com mais rapidez.

"Temos trabalhado para desenvolver uma tecnologia rápida e barata. Todos os casos que forem confirmados no Adolfo Lutz serão sequenciados. A ideia é fornecer informações que possam ser usada para entender a epidemia em curso, para que outros cientistas possam comparar os dados. Essa cadeia de informação de todo mundo junto é importante para o mundo poder responder à epidemia", diz.

Segundo ela, há pequenas mutações, mas a taxa de variação deste vírus é até baixa.

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