HIV: a nova tecnologia é capaz de detectar o antígeno em "concentrações 100.000 vezes inferiores" às dos sistemas atuais (Reprodução)
AFP
Publicado em 16 de fevereiro de 2017 às 17h03.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2017 às 17h20.
O Conselho Superior de Pesquisas Científicas (CSIC) da Espanha patenteou uma tecnologia inovadora que seria capaz de detectar o HIV apenas uma semana após a infecção pelo vírus, indicaram nesta quinta-feira pesquisadores da instituição.
Atualmente, é preciso esperar cerca de 30 dias - período conhecido como "janela imunológica" - para que a presença do vírus seja detectável em um exame.
Uma equipe do CSIC "desenvolveu um biossensor que pode chegar a detectar o HIV tipo 1 durante a primeira semana depois da infecção", anunciou em um comunicado o CSIC, a principal instituição pública dedicada à pesquisa na Espanha.
Os experimentos realizados com soro sanguíneo (líquido do sangue livre dos fatores de coagulação) permitiram detectar uma proteína presente no Vírus da Imunodeficiência Humana do tipo 1 (HIV-1), o antígeno p24, através de um dispositivo particular.
Este dispositivo permite que o p24 fique preso "entre as nanopartículas de ouro e as estruturas micromecânicas de silício", disse à AFP o pesquisador Javier Tamayo, do Instituto de Microeletrônica de Madri, indicando que os sinais mecânicos e ópticos que são produzidos permitem detectar o antígeno.
A nova tecnologia é capaz de detectar o antígeno em "concentrações 100.000 vezes inferiores" às dos sistemas atuais, afirmou Priscila Kosaka, também do Instituto de Microeletrônica de Madri, no comunicado.
"Isto reduz a fase indetectável depois da infecção a apenas uma semana", acrescentou.
Segundo a instituição, a detecção precoce é um fator-chave para melhorar a eficácia dos antirretrovirais e para prevenir a propagação da doença.
Com os testes atuais de quarta geração, a detecção do antígeno p24 pode ser feita apenas após três ou quatro semanas a partir da infecção, segundo o CSIC.
O novo dispositivo permitirá obter os resultados clínicos em menos de cinco horas, no mesmo dia do exame, afirmou Tamayo.
O biossensor "usa estruturas que são fabricadas com tecnologias bem estabelecidas em microeletrônica, o que permite sua produção em grande escala e a baixo custo", garantiu.
Dois milhões e meio de pessoas são infectadas por ano no mundo pelo HIV, responsável pela Aids. O HIV-1 é o tipo mais comum e agressivo do vírus.
Em 2015, 36,7 milhões de pessoas viviam com HIV no mundo.