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Cientistas começam a desvendar mistérios da baleia azul

Conhecer onde se alimenta, viaja e se reproduz é importante para atenuar as ameaças que a mantêm na lista de espécies à beira da extinção


	A baleia azul já foi avistada nos Oceanos Índico, Antártico, Pacífico Nordeste e Sudoeste e no Atlântico Norte
 (Tangi Quemener/AFP)

A baleia azul já foi avistada nos Oceanos Índico, Antártico, Pacífico Nordeste e Sudoeste e no Atlântico Norte (Tangi Quemener/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de junho de 2015 às 10h37.

Valdivia - A baleia azul, uma das espécies com maior risco de extinção, representa todo um mistério para a ciência que começa a ser revelado por uma equipe de cientistas chilenos que está decifrando por onde anda e se reproduz o maior animal do planeta.

A baleia azul (Balaenoptera musculus), que chega a ter 30 metros de comprimento e pesar 120 toneladas, foi avistada nos Oceanos Índico, Antártico, Pacífico Nordeste e Sudoeste (Chile e Peru) e, mais excepcionalmente, no Atlântico Norte.

Conhecer onde se alimenta, viaja e se reproduz é fundamental para atenuar as ameaças que a mantêm na lista vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) de espécies à beira da extinção.

É isso que Rodrigo Hucke, ecólogo marinho da Universidade Austral do Chile, e sua equipe tentam responder estudando este animal a partir do pequeno escritório tomado de imagens de baleia azul de todos os tamanhos, embora nenhuma tão grande quanto a que ele tem tatuada no braço esquerdo.

"A viagem migratória da baleia azul no Pacífico Sudeste é desconhecida. Nos Estados Unidos há muito estudos dos movimentos entre Califórnia e Alasca e na zona Antártica australiana também, mas no Chile quase não possuíamos informação", disse Hucke à Agência Efe.

Para obtê-la, os cientistas marcam baleias azuis no mar de Chiloé desde 2004 com transmissores satélite que permitem localizar com uma precisão, de 50 a 100 metros, o animal, a profundidade em que nada e a temperatura da água.

Para instalar o transmissor, que custa US$ 4 mil (R$ 12.690) e nem sempre acontece de forma bem-sucedida, já que a pele é gordurosa, os cientistas se aproximam da baleia e disparam o aparelho com forma de seringa com um lançador de ar comprimido.

Se tiver boa pontaria "o espinho" pode ficar na pele por até um ano, embora o normal seja cair com três ou quatro meses.

Conseguir fundos para esta pesquisa é um dos desafios de Hucke. Em 2004, ele foi agraciado pela Universidade Estatal do Oregon (EUA) com a condição de marcar cinco exemplares. Em 2013, conseguiu orçamento para sete animais e neste ano, conquistou dinheiro para mais sete, desta vez proveniente da organização não governamental WWF.

E o que dizem essas linhas coloridas e sinuosas com os deslocamentos dos indivíduos marcados nos mapas do Pacífico Sul que o biólogo revisa continuamente em seu computador?

Entre outras informações, que as baleias "chilenas" vão até Galápagos quando o frio aumenta no hemisfério sul e se aproximam até uma região marinha conhecida como o Domo da Costa Rica onde os pesquisadores suspeitam que pode existir uma área de reprodução, tanto para elas quanto para as do Pacífico Norte.

A alternância dos invernos nos hemisférios poderia fazer com que as baleias não coincidissem no Domo.

Outra descoberta é que à baleia azul chilena prefere se alimentar no mar de Chiloé, extremamente rico em krill (uma espécie de camarão, que ela é capaz de engolir 40 toneladas por dia), e nas montanhas submarinas.

"Esses montes oceânicos têm uma enorme biodiversidade associada porque seus cumes se encontram a poucos metros da superfície e recebem muita luz", comentou Hucke, que há 20 anos estuda o tema.

Exatamente por sua excelente produtividade, motivada também pela Corrente de Humboldt, grande parte da pesca comercial acontece nessas montanhas submarinas, alertou Francisco Viddi, biólogo marinho do WWF Chile, que prepara uma proposta de proteção dessas cordilheiras.

Os cientistas também acreditam, com base em estudos genéticos e em análise comparativas dos sons, que a baleia azul do Pacífico Sudeste poderia constituir uma subespécie diferente das quatro atualmente descritas.

O fato de existir apenas 222 exemplares desta população torna necessário "um manejo ecossistêmico mais inteligente" por parte do governo chileno, e especialmente um "plano de gestão da aquicultura e do tráfego marinho intenso" que se desenvolvem neste mar extremamente produtivo e rico em biodiversidade, reivindicou Viddi.

Essas características transformariam este ecossistema em um refúgio para a baleia azul antártica, em dramático declive, já que o degelo associado à mudança climática está acabando com as populações de krills.

Por isso, o WWF Chile lançou a proposta de uma rede de áreas marinhas protegidas conectadas ao Golfo de Corcovado, que juntas somariam 70 mil quilômetros de costa e 1,4 hectares de superfície marinha. EFE

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