(Event Horizon Telescope/Reprodução)
Nesta quinta-feira, 12, pesquisadores do projeto Event Horizon Telescope divulgaram uma segunda fotografia de um buraco negro supermassivo – mas desta vez, é um buraco negro relativamente perto de casa. Trata-se de Sagitário A* (diz-se “a-estrela”), o gigantesco buraco negro que está girando no centro da Via Láctea.
A nova foto revela um astro localizado a cerca de 26 mil anos-luz da Terra, com dimensões colossais de cerca de 4 milhões de vezes a massa do nosso Sol.
Este presente celestial vem do mesmo projeto que fez bastante sucesso em 2019, com a primeira imagem tirada de um buraco negro.
Na época, a icônica foto laranja difusa revelou aos olho humanos um buraco negro supermassivo no coração de uma galáxia gigantesca chamada Messier 87, ou M87, localizada a 55 milhões de anos-luz da Terra.
O resultado inovador ajudou os cientistas a verificar a forma circular desses objetos, bem como a confirmar a inabalável teoria da relatividade geral de Albert Einstein, que previu a existência de buracos negros.
Para ser ter uma ideia, até pouco tempo atrás, os cientistas apenas inferiam a existência de um gigante desses no centro de nossa galáxia com base em como os objetos espaciais se movia pela região.
Na verdade, não é possível capturar uma imagem de um buraco negro diretamente. Os buracos negros, por sua própria natureza, não podem ser “vistos”, pois esses objetos são tão massivos que nada pode escapar de sua atração gravitacional – incluindo a luz.
Em vez disso, há tecnologia para capturar a silhueta de um buraco negro. Se um buraco negro supermassivo estiver cercado por um disco giratório de gás e poeira, esse material brilhará porque o gás e a poeira são acelerados e aquecidos pela poderosa atração gravitacional.
O que o Event Horizon Telescope está realmente capturando é a sombra do buraco negro projetada em um pano de fundo feito de gases e poeira.
Oito radiotelescópios, espalhados pela Espanha, Estados Unidos, Chile, México e Antártica captaram imagens de partes diferentes do buraco negro. Em seguida, tais imagens foram combinadas, por meio de uma técnica conhecida como interferometria, como se tivessem sido produzidas por um único telescópio gigantesco, com tamanho equivalente ao da circunferência da Terra.
Ou seja: em vez de usar um telescópio de dimensões planetárias, o que não existe, os cientistas criaram um enorme telescópio virtual. Após dois anos de processamento desses dados, realizado por um software alimentado por mais de 200 cientistas, chegou-se na foto inédita — que, em termos técnicos, exibe as manifestações das ondas de rádio provenientes da atividade gravitacional do buraco negro e dos corpos astronômicos que ele atraiu.