Ciência

Cientistas alemães fazem ratos paralisados voltar a andar

Através da engenharia genética, os ratos paralisados voltaram a andar em até 3 semanas

A proteína hIL-6 ajudou na regeneração das células nervosas dos ratos (Alexander W Helin/Getty Images)

A proteína hIL-6 ajudou na regeneração das células nervosas dos ratos (Alexander W Helin/Getty Images)

LP

Laura Pancini

Publicado em 20 de janeiro de 2021 às 08h00.

Uma equipe de cientistas na Alemanha conseguiu restaurar a capacidade de andar em ratos paralisados, permitindo que eles voltassem a andar mesmo após uma lesão na medula espinhal.

A equipe da Ruhr-Universität, em Bochum, desenvolveu uma proteína de sinalização "designer" que foi injetada no cérebro dos ratos. A proteína fez com que as células nervosas se regenerassem e 'compartilhassem a receita' para produzir mais proteínas.

De acordo com publicação da New Atlas, lesões da medula espinhal são as mais incapacitantes. As fibras nervosas danificadas, ou axônios, não conseguem se regenerar e não transferem sinais entre o cérebro e os músculos, causando paralisia nos membros inferiores.

Neste estudo, publicado na Nature, os cientistas repararam os axônios danificados com uma proteína chamada hIL-6 ou hiperinterleucina-6. É um tipo sintético de um peptídeo de ocorrência natural, ajustado para ativar a regeneração das células nervosas.

Com a injeção, os neurônios motores perto da área da cabeça começaram a produzir hIL-6, ativando a regeneração axonal de várias células nervosas no cérebro e de tratos motores na medula espinhal. Entre duas e três semanas, os ratos voltaram a andar.

Ratos antes e depois do estudo

Fotos de um dos ratos antes e depois (Lehrstuhl für Zellphysiologie/Reprodução)

“Esta é uma chamada citocina projetada, o que significa que não ocorre na natureza e deve ser produzida por meio de engenharia genética”, disse Dietmar Fischer, um dos autores do estudo.

Por mais surpreendente que seja o resultado, os autores do estudo alertam que este ainda é só o começo. O próximo passo é examinar se os mesmos resultados serão obtidos semanas após os ratos serem lesionados, ao invés de imediatamente após, como foi o caso deste primeiro estudo.

Já para a aplicação em humanos, eles afirmam que "não será por muitos anos" ou possivelmente nunca.

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