Matéria escura: entenda o que é essa substância que compõe o universo (ESA/Euclid/Euclid Consortium/NASA, image processing by J.-C. Cuillandre, T./Reprodução)
Estagiária de jornalismo
Publicado em 26 de novembro de 2025 às 23h27.
Quase 100 anos depois de ter sido teorizada, a matéria escura pode finalmente ter sido detectada. O astrofísico Tomonori Totani, da Universidade de Tóquio, anunciou na última terça-feira, 25, ter identificado sinais de raios gama que correspondem exatamente ao esperado da aniquilação de partículas de matéria escura no centro da Via Láctea.
A descoberta, publicada no Journal of Cosmology and Astroparticle Physics, analisou 15 anos de observações do Telescópio Espacial Fermi da NASA. "Detectamos raios gama com energia de 20 gigaeletronvolts estendendo-se em uma estrutura semelhante a um halo em direção ao centro da Via Láctea", afirma Totani em seu relatório.
Proposta em 1930 pelo astrônomo Fritz Zwicky, a matéria escura explica por que galáxias giram mais rápido do que sua massa permitiria. As partículas que a compõem não interagem com a luz, tornando-as invisíveis. Ela deve representar cerca de 85% de toda a massa do universo.
A teoria mais aceita sugere que ela é composta por WIMPs (partículas massivas de interação fraca). Quando duas colidem, liberam raios gama de altíssima energia, exatamente o que Totani detectou.
O diferencial do estudo foi focar no halo galáctico, região pouco explorada da Via Láctea. A análise revelou um excesso significativo de raios gama, algo em torno de 20 gigaeletronvolts, correspondendo ao previsto para WIMPs com massa 500 vezes maior que a de um próton.
A comunidade científica ainda está cautelosa. Os resultados precisam ser verificados independentemente e é necessário descartar que os sinais venham de fenômenos convencionais, como estrelas de nêutrons ou buracos negros.
Detectar sinais idênticos em galáxias anãs próximas fortaleceria a descoberta. "Isso significaria que a matéria escura é uma nova partícula não incluída no modelo padrão da física. Representaria um grande avanço", afirma Totani.
Se confirmada, seria a primeira vez que a humanidade "vê" diretamente a substância mais abundante — e misteriosa — do universo.