Lunar Palace-1, projeto de autossuficiência espacial chinês (Xinhua/Divulgação)
Reuters
Publicado em 9 de julho de 2017 às 14h52.
Pequim - Fechados atrás de portas de aço de dois bunkers em um subúrbio de Pequim, estudantes universitários estão tentando descobrir como é viver em uma estação do espaço em outro planeta, reciclando tudo, desde plantas a urina.
Eles fazem parte de um projeto que busca criar um ecossistema autossustentável que forneça tudo que os humanos precisam para sobreviver.
Quatro estudantes da Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Pequim entraram no Lunar Palace-1 no domingo com o intuito de viver de maneira autossuficiente por 200 dias.
Eles dizem estar felizes de agir como cobaias humanas se isso significa chegar mais perto do sonho de se tornarem astronautas.
"Eu levarei muito disso", disse Liu Guanghui, que entrou no bunker no domingo. "É verdadeiramente uma experiência de vida diferente."
O presidente Xi Jinping quer que a China se torne uma potência global na exploração espacial, com planos de enviar a primeira sonda para o lado escuro da lua em 2018 e colocar astronautas na lua em 2036. O experimento Lunar Palace 365 pode permitir que eles fiquem lá por longos períodos.
Para Liu Hong, professora da Universidade de Aeronáutica e Astronáutica de Pequim e principal arquiteta do projeto, tudo que seja necessário para a sobrevivência humana foi cuidadosamente calculado.
"Desenhamos (o projeto) para que o oxigênio (produzido pelas plantas na estação) seja exatamente suficiente para satisfazer os humanos, animais e organismos que decompõe os resíduos materiais", disse ela.
Porém, satisfazer necessidades físicas é apenas uma parte do experimento, disse Liu. Traçar o impacto mental do confinamento em um espaço pequeno por tanto tempo é igualmente crucial.
"Eles podem se tornar um pouco deprimidos", disse Liu. "Se você passa muito tempo nesse tipo de ambiente, pode criar alguns problemas psicológicos."
Liu Hui, estudante líder que participou de um experimento inicial de 60 dias no Luna Palace-1 que terminou no domingo, afirmou que ela às vezes "se sentia um pouco para baixo" após um dia de trabalho.
A equipe de suporte do projeto descobriu que mapear um conjunto específico de tarefas diárias para os estudantes é uma maneira que os ajuda a continuar felizes.
Mas o grupo dos 200 dias também será testado para ver como reagem a viver por um período de tempo sem luz do sol. A equipe do projeto não quis elaborar.
"Fizemos esse experimento com animais... então queremos ver o quanto de impacto terá nas pessoas", disse a professora Liu.