Cérebro humano: pesquisas mostram que temos em média 350 conhecidos e reconhecemos até mil rostos (Yuichiro Chino/Getty Images)
Repórter
Publicado em 7 de outubro de 2025 às 14h58.
Última atualização em 7 de outubro de 2025 às 15h19.
O cérebro humano, embora represente apenas 2% do peso corporal, consome cerca de 20% da energia do corpo. Três quartos de sua estrutura são formados pelo neocórtex, região responsável por funções como memória, linguagem, resolução de problemas e autoconsciência. Essas habilidades evoluíram para que os seres humanos pudessem lidar com amplas redes de relacionamentos.
O psicólogo britânico Robin Dunbar analisou diferentes espécies de primatas e observou uma relação direta entre o tamanho do neocórtex e o número de relacionamentos estáveis que cada grupo consegue manter.
Dessa análise surgiu o chamado “número de Dunbar”, que aponta o limite de aproximadamente 150 vínculos sociais que uma pessoa consegue sustentar de forma consistente.
Mesmo com a popularização de plataformas digitais como Facebook e Instagram, Dunbar acredita que esse limite de 150 relações permanece, como mostra reportagem do Wall Street Journal.
Para o psicólogo, as redes sociais podem prolongar o tempo em que as pessoas permanecem em determinados círculos de relacionamento, mas não ampliam o tamanho real da rede estável. Ele acredita que a interação presencial continua fundamental para vínculos mais fortes.
"É difícil obter apoio emocional de alguém que você não pode abraçar fisicamente. Simplesmente não é a mesma coisa", disse Dunbar, ao Wall Street Journal.
Dunbar defende que as relações humanas se distribuem em camadas hierárquicas. No centro estão apenas cinco pessoas mais próximas, geralmente familiares ou amigos íntimos, aquelas com quem mantemos contato semanal e buscamos apoio emocional.
Em seguida, há um círculo de mais dez bons amigos que costumam ser vistos ao menos uma vez por mês. Juntos, esses 15 indivíduos concentram cerca de 60% da atenção social de uma pessoa.
Cientistas tentam explicar como – e por que – cérebro humano cresceu tantoA camada seguinte, chamada por Dunbar de “grupo do churrasco de fim de semana”, reúne cerca de 50 pessoas, incluindo os mais próximos. Por fim, a rede se expande para um círculo de 150, que abarca também conhecidos que seriam convidados para grandes eventos de vida, como casamentos.
Além desse núcleo, os humanos costumam manter cerca de 350 conhecidos e conseguem reconhecer até mil rostos. Essas camadas externas, segundo Dunbar, diferem das demais por não serem recíprocas: em muitos casos, são relações de via única — você pode reconhecer uma pessoa, mas ela não necessariamente reconhece você.
Há, porém, quem discorde. Pesquisadores suecos publicaram em 2021 um estudo sugerindo que o número de Dunbar pode ser uma subestimação, ainda que não seja possível definir com precisão um limite superior.