Carreira

O Impa é um celeiro de geninhos da Matemática

O Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, no Rio de Janeiro, é um centro brasileiro de excelência que atrai talentos do mundo todo

Artur Avila em sua sala no Impa: sua carreira é feita de idas e vindas entre Paris e Rio de Janeiro (Raul Junior/EXAME.com)

Artur Avila em sua sala no Impa: sua carreira é feita de idas e vindas entre Paris e Rio de Janeiro (Raul Junior/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2013 às 13h54.

São Paulo - Camuflado em meio à Floresta da Tijuca, no bairro Jardim Botânico, no Rio de Janeiro, desponta um prédio simples, mas imponente, assim como a reputação da instituição que abriga.

É lá, cercado de belezas naturais, ar puro e um silêncio perturbador — para quem está acostumado com grandes centros urbanos —, que fica o Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada, o Impa. Você provavelmente nunca ouviu falar, mas ficará orgulhoso em conhecê-lo. É um centro de excelência da educação brasileira que reúne as melhores mentes do país e do mundo na área da matemática. 

Uma vez lá dentro, o silêncio é quebrado pela mistura de idiomas nos longos corredores do edifício, que acolhe cerca de 200 mestrandos e 50 pesquisadores de diversas nacionalidades. “Mais de 50% dos nossos alunos são estrangeiros”, diz o diretor peruano César Camacho, que desenvolveu toda sua carreira de pesquisador no Impa e está à frente da instituição há sete anos. Inglês, espanhol e francês são línguas comumente ouvidas.

Russo e persa também não surpreendem mais. Para ter uma ideia, no ano passado foram abertas seis novas vagas para pós-doutorado. Cerca de 100 matemáticos se inscreveram, apenas 11 brasileiros. Para duas vagas de pesquisador, cerca de 85 pessoas se candidataram — só nove brasileiros. Uma das vagas ficou com um russo. Estados Unidos, Itália, China e Rússia tiveram o maior número de candidatos inscritos. 

Não há outro centro de pesquisa brasileiro que goze desse prestígio. Criado em 1952 pelos matemáticos Lélio Gama, Maurício Peixoto e Leopoldo Nachbin, o Impa sempre recebeu importantes matemáticos. “Temos pesquisadores de renome e os estudantes vêm buscar isso. E conseguimos perceber, cada vez mais, esses estrangeiros vendo o Brasil como um mercado promissor”, diz o diretor. Isso não é tudo.

O fato de estar em um país como o Brasil e com um clima tão favorável quanto o do Rio de Janeiro também é atrativo. Isso é perceptível ao esbarrar com os alunos que chegam de bicicleta, usando bermuda, camiseta e chinelo de dedo. Um uniforme nada convencional em turmas de mestrado. Mas os estudiosos do Impa quebram todos os estereótipos de nerd que se possa imaginar. São, sim, intelectuais, mas bastante descolados, articulados e muito comunicativos.

O Impa publica e é citado em revistas conceituadas na área. Tem índices de produção científica no campo de matemática de universidades como Harvard e Princeton. Todo o complexo conteúdo que sai de lá é pensado por alunos que estudam de graça nas seis opções de mestrado, iniciação científica e doutorado, e por pesquisadores que ganham de 7 500 a 15 000 reais por mês.


O instituto é uma unidade de ensino e pesquisa qualificada como organização social ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, portanto, é mantido por repasse de verba pública e por doações filantrópicas. Já recebeu doações do economista e ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga, dos irmãos Pedro e João Moreira Salles e do matemático americano James Simons. 

Matemática aplicada

O que se produz no Impa vai muito além da matemática pura — aquela de fórmulas incompreensíveis para a maioria de nós e focada na comprovação de teoremas. Lá também são trabalhadas as formas aplicadas da ciência, as mais palpavéis e vistas no dia a dia das pessoas.

Como os softwares e aplicativos para smartphones, criados pelo laboratório de computação gráfica do Impa, o Visgraf, comandado pelo professor Luiz Velho. 

Foi desenvolvido lá um aplicativo para iPhone e iPad, à venda na App Store, chamado de Blues Machine, um instrumento musical em que o usuário toca guitarra por uma interface multitoque — a tela do celular, por exemplo —, composta por 12 notas musicais de blues. Já no núcleo de dinâmica dos fluídos, comandado pelo pesquisador André Nachbin, filho de um dos criadores do Impa, estuda-se, por meio da matemática, fenômenos relacionados ao mar, como tsunamis, e a relação da energia com a topografia e o meio ambiente.  

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