Ciência

Carne vermelha faz mal? Novo estudo diz que não é bem assim

Estudo analisa diversos artigos científicos e conclui que a carne vermelha tem pouca ligação com riscos à saúde; comunidade médica se opõe aos resultados

 (Pixabay/Reprodução)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 1 de outubro de 2019 às 11h44.

Última atualização em 1 de outubro de 2019 às 14h15.

São Paulo – Uma crença popular atualmente, reforçada por diversos estudos científicos, é de que comer carne vermelha faz mal à saúde. A conclusão, agora, é refutada por uma nova pesquisa. Cientistas da Universidade de Dalhousie, no Canadá, publicaram um estudo no qual indicam que a redução do consumo de carne vermelha tem um impacto muito pequeno na redução de riscos de problemas de coração e câncer. A informação foi divulgada pelo jornal americano The New York Times.

No novo estudo, os pesquisadores afirmam que, se existem benefícios com ligação direta com a diminuição no consumo de carne vermelha, eles são muito pequenos e só podem ser observados quando são avaliados os resultados em grandes populações. Com isso, eles concluem que a prática não tem evidência o suficiente para que profissionais de saúde recomendem a diminuição da carne vermelha na dieta diária.

A pesquisa foi recebida com controvérsia na comunidade científica. A Associação Americana do Coração, a Sociedade Americana do Câncer e a Escola de Saúde Pública de Harvard T.H. Chan se declararam contra as conclusões dos pesquisadores da Universidade do Canadá.

Grupos a favor de dietas baseadas em vegetais, como o Physicians Committee for Responsible Medicine, se opuseram ao jornal científico que publicou o estudo, o Annals of Internal Medicine.

A descoberta pode ter impacto não somente na recente onda de startups que vendem carne vegetal ou que pesquisam como criar carne em laboratório, mas também no meio ambiente. Um levantamento feito pela consultoria americana CBInsights indica que a criação de gado contribui para o desmatamento, para a criação de pastos, e também usa grande quantidade de água, duas práticas que podem ter impacto negativo para o meio ambiente. Em uma pesquisa recente, cientistas indicaram que o bife tinha impacto climático cinco vezes maior do que o frango ou o porco, por grama de proteína.

O novo estudo foi feito por um grupo de 14 pesquisadores de sete países diferentes, junto com três representantes da comunidade científica. A pesquisa levou três anos para ser concluída. Os analistas que avaliaram o estudo reportaram que não há conflito de interesse no estudo científico que minimiza o impacto negativo do consumo da carne vermelha na saúde dos seres humanos.

Foram avaliados 61 artigos sobre 55 populações, com mais de 4 milhões de participantes. Também foram considerados testes aleatórios de ligação do consumo da carne vermelha com problemas de coração – que tiveram poucos resultados. Além disso, os pesquisadores avaliaram, ainda, 73 artigos que ligavam a carne vermelha com a incidência do câncer e a taxa de mortalidade. Segundo os pesquisadores responsáveis pelo novo estudo, a evidência encontrada entre o consumo de carne e problemas de saúde era pequena e de baixa qualidade.

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