Ciência

Canabidiol pode reduzir tumor cerebral agressivo e resistente a remédios

Substância foi inalada por sete dias e diminuiu também fatores que provocavam o crescimento do câncer, segundo um estudo da Faculdade de Medicina da Augusta University, na Geórgia, nos Estados Unidos

Canabidiol: derivado medicinal é utilizado em pesquisas de tratamentos de doenças no mundo todo (Tinnakorn Jorruang/Getty Images)

Canabidiol: derivado medicinal é utilizado em pesquisas de tratamentos de doenças no mundo todo (Tinnakorn Jorruang/Getty Images)

AO

Agência O Globo

Publicado em 4 de janeiro de 2022 às 15h25.

Última atualização em 4 de janeiro de 2022 às 15h31.

Um estudo feito por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Augusta University, na Geórgia, nos Estados Unidos, constatou que o canabidiol (CBD), um dos princípios ativos da maconha, foi capaz de diminuir, em camundongos, o tamanho de um tumor cerebral altamente agressivo e letal.

Após inalarem o composto, os animais passaram a produzir em menor quantidade substâncias que favorecem o crescimento do glioblastoma.

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Para simular o câncer cerebral nos ratos, os pesquisadores utilizaram células de glioblastoma modificadas de humanos (adaptadas para os animais), criando o chamado "glioblastoma ortotópico", o modelo mais realista possível para o tumor, produzido artificialmente fora do corpo humano.

Após oito dias, a doença já estava ativa e de forma agressiva no cérebro dos animais. No nono dia, a equipe de pesquisadores iniciou o tratamento com doses diárias de canabidiol inalado, enquanto alguns animais receberam placebo, para controlar o trabalho. O experimento teve duração de sete dias e o estudo foi publicado na revista especializada Cannabis and Cannabinoid Research.

Os cientistas observaram uma expressiva diminuição do tamanho do tumor nos exames de imagem feito nos camundongos que inalaram o canabidiol, não visto nos animais que ingeriram placebo.

"Vimos uma redução significativa no tamanho do tumor e também no microambiente tumoral estabelecido pelas células cancerosas, o que inclui vasos sanguíneos e fatores de crescimento diversos que fazem com que ele se espalhe", explica, em comunicado, Babak Baban, imunologista da Augusta University, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo.

Atualmente, o tratamento do câncer de cérebro do tipo glioblastoma é feito por cirurgia seguida de quimio e radioterapia. No entanto, os resultados não costumam ser satisfatórios, já que esse tipo de tumor é resistente aos medicamentos.

A ideia dos cientistas é usar o canabidiol — caso seus efeitos benéficos sejam comprovados em mais estudos — em conjunto com o tratamento já empregado em pessoas com diagnóstico de glioblastoma.

Embora a abordagem estabelecida pelos pesquisadores seja facilmente aplicável a humanos, neste momento eles estão olhando principalmente para a resposta biológica do tumor ao canabidiol, disse Martin Rutkowski, neurocirurgião da Augusta University.

"Precisamos desesperadamente de pesquisas e mais tratamentos. O que temos agora não está funcionando muito bem", disse o neurocirurgião, coautor do estudo.

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