Ciência

Calcule a sua emissão de gases de efeito estufa e veja como compensá-la

Alcançar um planeta sustentável começa com uma vida também sustentável; descobrir como sua rotina interfere no clima é o primeiro passo para uma mudança de hábitos

Pegada de carbono: ações do dia a dia estão relacionadas direta ou indiretamente à emissão de CO2 na atmosfera (Agência/Getty Images)

Pegada de carbono: ações do dia a dia estão relacionadas direta ou indiretamente à emissão de CO2 na atmosfera (Agência/Getty Images)

Quando se pensa em emissão de gases de efeito estufa (GEE) – dos quais o dióxido de carbono é o mais abundante –, logo vêm à cabeça como vilões as grandes indústrias, as usinas movidas a carvão ou o desmatamento. Parece algo distante, às vezes até invisível, e que você não tem muito a ver com isso. Mas não é bem assim.

Na verdade, todas as ações e escolhas de consumo do seu dia a dia têm consequências globais e interferem na crise climática. Sair para trabalhar, cozinhar, tomar banho, viajar, comprar roupas – essas e muitas outras coisas cotidianas estão relacionadas direta ou indiretamente com a emissão de CO2 na atmosfera.

E é possível saber quanto você, individualmente, emite desse gás por ano. É a chamada pegada de carbono pessoal, que indica o rastro de GEE que você deixa no planeta com as suas atividades diárias. A estimativa pode ser feita por uma calculadora online, acessível a todos, que considera algumas informações principais da sua rotina.

Vamos fazer os cálculos?

Um exemplo em português é a calculadora da fintech ambiental Moss, que tem como base a Ferramenta de Cálculo do Programa Brasileiro GHG Protocol. Outras opções são a calculadora da Iniciativa Verde, organização do terceiro setor que atua na mitigação das mudanças climáticas, e a do Idesam, ONG que trabalha em prol do uso sustentável de recursos naturais na Amazônia.

Nas duas últimas calculadoras, junto com o resultado da pegada, vem a indicação de quantas árvores você precisa plantar por ano para compensar as suas emissões pessoais, além da alternativa de contribuir com o valor equivalente para os projetos ambientais das entidades, que farão a compensação por você.

Compensar as emissões pessoais, aliás, pode ser feito por qualquer indivíduo e é uma tendência que vem crescendo nos últimos anos. Algumas personalidades, inclusive, têm difundido essa ideia.

O piloto brasileiro de Stock Car, Allam Khodair, por exemplo, foi o primeiro piloto carbono zero do continente, neutralizando as suas emissões durante as corridas em parceria com a Iniciativa Verde, como também fez o colega de pista Cacá Bueno com a Moss. Outros exemplos são Stone Gossard, guitarrista da banda Pearl Jam, e o ator Marcos Palmeira, que zeraram o carbono com o Idesam.

2050 é agora

De acordo com a ONG ambiental The Nature Conservancy, cada habitante do planeta gera em média 4 toneladas de CO2 por ano. E esse número precisa ser reduzido a menos da metade até 2050 para que as mudanças climáticas não se agravem e se tornem um problema irreversível.

Além da alternativa da compensação, fazer a sua parte nessa redução começa com mudanças simples nos seus hábitos. O Instituto Akatu, ONG brasileira dedicada à sensibilização para o consumo consciente, exemplifica algumas:

  • Atenção ao uso de energia elétrica. Evite acender luzes sem necessidade, troque as lâmpadas fluorescentes por de LED, reduza o tempo do banho, não deixe aparelhos ligados no modo stand-by, passe roupa só quando necessário, não abra a geladeira à toa, opte por eletros com selo de eficiência em energia;
  • Substitua sua geladeira antiga. Refrigeradores com mais de 20 anos emitem gás CFC, que destrói a camada de ozônio;
  • Atente-se ao ar-condicionado da sua casa e do seu carro. Troque numa assistência técnica o gás de refrigeração caso usem CFCs ou HFCs, gases de alto potencial de dano à camada de ozônio;
  • Não compre roupa por impulso. Ao evitar ediquirir uma única camiseta, você poupa a emissão de 1,4 kg de gás de efeito estufa. Isso é gerado desde a plantação do algodão até a peça chegar ao seu guarda-roupa;
  • Cuidado com o descarte correto do lixo. Um colchão velho, por exemplo, deve ir para o fabricante ou encaminhado ao ponto de coleta mais próximo. Colchões antigos têm espumas  feitas com CFC, que fica armazenado nas bolhas do material;
  • Falando em lixo, combata o desperdício de alimentos. Os resíduos orgânicos, a maioria restos de alimentos, geralmente vão para aterros sanitários e contribuem para a emissão de GEE:
  • Deixe mais vezes o carro em casa e use o transporte público. Seu automóvel emite seis vezes mais gases poluentes do que veículos sobre trilhos. Para as curtas distâncias, vá a pé ou de bicicleta:
  • Privilegie comprar de produtores locais para evitar a emissão de gases com transporte e armazenagem.
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