Buraco no céu em Peruíbe (SP): fenômeno conhecido como Fallstreak hole surge após gotículas de água super-resfriadas virarem cristais de gelo, abrindo clareiras circulares nas nuvens (Reprodução/ Priscilla Giusti)
Redação Exame
Publicado em 24 de março de 2025 às 07h49.
Última atualização em 24 de março de 2025 às 08h50.
Um "buraco" circular no céu chamou a atenção de moradores de Peruíbe, no litoral sul de São Paulo, na última semana. O registro visual, compartilhado nas redes sociais, foi feito em diferentes pontos da cidade e gerou dúvidas sobre a origem do fenômeno.
Conhecido entre meteorologistas como altocumulus stratiformis cavum, o evento é classificado como um tipo incomum de nuvem que exibe aberturas circulares ou ovais — popularmente chamadas de Fallstreak hole. A formação ocorre quando gotículas de água super-resfriadas, ao atingirem altitudes médias e temperaturas negativas, se transformam em pequenos cristais de gelo, levando à queda súbita da umidade em áreas específicas da nuvem.
“As nuvens estavam estranhas, mas do jeito que se abriram, parecia algo de outro mundo”, disse à imprensa local a dona de casa Priscilla Giusti, 54, que fotografou o céu na Praia do Centro.
De acordo com Rodolfo Bonafim, meteorologista do Canal Geoastrodica, o fenômeno não oferece riscos e não está associado a tempestades, embora possa sinalizar a formação de áreas de baixa pressão sobre o oceano. O especialista explicou que as alterações ocorrem em níveis médios da atmosfera e são frequentemente registradas em condições de estabilidade climática.
A origem dos Fallstreak holes pode estar relacionada também à passagem de aeronaves, segundo pesquisadores. Ao atravessar camadas de nuvens contendo água super-resfriada, os aviões introduzem perturbações que catalisam o congelamento local, favorecendo a abertura circular.
O fenômeno é raro no Brasil, mas já foi registrado em outras regiões do país, principalmente durante o outono e inverno. Seu caráter incomum e aparência singular costumam gerar especulações e teorias nas redes, especialmente por lembrar representações de portais em filmes de ficção científica.
Segundo especialistas, o evento é apenas um exemplo da variedade de interações físicas e químicas possíveis na atmosfera terrestre, muitas vezes ainda mal compreendidas pelo público geral.