Brasil

Brasileiro tem mais resistência a tomar vacina chinesa e russa, diz estudo

Mesmo com a resistência relacionada a origem da vacina, grande parte da população tem a intenção de se imunizar

Vacina contra covid-19 (Malte Mueller/Getty Images)

Vacina contra covid-19 (Malte Mueller/Getty Images)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 22 de outubro de 2020 às 07h37.

Última atualização em 22 de outubro de 2020 às 07h45.

A aversão do presidente Jair Bolsonaro a uma vacina de origem chinesa não é exclusividade do chefe do Executivo. Um estudo com 2.771 brasileiros feito pelo Centro de Pesquisa em Comunicação Política e Saúde Pública da Universidade de Brasília (CPS/UnB) indicou que a associação com uma vacina vinda da China reduz em 16,4% a intenção de imunização da população. Quanto a vacina russa a intenção diminui 14,1%.

O mesmo não ocorre com tanta intensidade, contudo, quando se trata dos imunizantes produzidos nos Estados Unidos (-7,9%) , na Universidade de Oxford, na Inglaterra (-7,4% ). "Esse dado sugere uma desconfiança de parte da população brasileira com a vacina, presente inclusive entre pessoas que estão muito preocupadas com a doença", afirmou Wladimir Gramacho, coordenador do estudo e do centro de pesquisa.

Realizado entre 23 de setembro e 2 de outubro, o estudo mostrou ainda que entre os apoiadores de Bolsonaro, a chance de aceitarem uma vacina chinesa é menor ainda. Para este grupo que avalia positivamente o governo, menos de um terço dos pesquisados (27%) afirmou ter muita chance de se vacinarem se a substância for produzida na China. Já entre os opositores do gestão do presidente, a porcentagem dobra (54%), mesmo com uma vacina produzida na China.

"Os testes que fizemos mostram que a polarização política tem um efeito menor para o caso de uma vacina produzida na Rússia e não afetou até aqui a receptividade dos brasileiros a vacinas produzidas nos Estados Unidos ou em Oxford", comentou Gramacho. O pesquisador pondera que "o uso da pandemia e da vacina na disputa entre as elites políticas brasileiras tem sido, em si, uma ameaça à saúde pública".

Nesta quarta-feira, 21, o debate sobre a aquisição de uma vacina se intensificou depois do presidente Bolsonaro decidir cancelar acordo firmado pelo Ministério da Saúde sobre a intenção de compra de doses da Coronavac, da farmacêutica chinesa Sinovac.

O protocolo com a intenção de compra havia sido assinado ontem pelo ministro da pasta, Eduardo Pazuello, durante videoconferência com governadores. A decisão de Bolsonaro foi amplamente criticada pelo governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e parlamentares da oposição.

O chefe do Executivo também diverge de Doria quanto à obrigatoriedade da imunização. Bolsonaro tem tido que a imunização será opcional. Apesar disso, a pesquisa do CPS indicou que, mesmo com a resistência relacionada a origem da vacina, grande parte da população tem a intenção de se imunizar, representando 78,1% dos entrevistados.

O estudo realizado é fruto de um consórcio com pesquisadores de universidades federais brasileiras, que além da UnB inclui a Universidade Federal de Goiás e a Universidade Federal do Paraná além da Western University, no Canadá.

Acompanhe tudo sobre:ChinaCoronavírusRússiaUniversidade de Oxfordvacina contra coronavírusVacinas

Mais de Brasil

Donald Trump mira e a 25 de Março reage: como comerciantes avaliam investigação dos EUA

Bolsonaro será preso? Entenda os próximos passos do processo no STF

Eduardo Bolsonaro celebra decisão do governo Trump de proibir entrada de Moraes nos EUA

Operação da PF contra Bolsonaro traz preocupação sobre negociação entre Brasil e EUA, diz pesquisa