Ciência

Brasil é o país com maior número de superinteligentes da América do Sul

Dia Mundial da Superdotação: são 2.090 os membros da Associação Mensa Brasil, entidade que reúne pessoas superinteligentes ou com altas capacidades intelectuais no país

Superinteligentes: São Paulo lidera o total de pessoas identificadas no Brasil como superdotadas (OsakaWayne Studios/Getty Images)

Superinteligentes: São Paulo lidera o total de pessoas identificadas no Brasil como superdotadas (OsakaWayne Studios/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 10 de agosto de 2022 às 20h39.

Última atualização em 10 de agosto de 2022 às 20h48.

O Brasil detém a trigésima posição no ranking mundial de superdotados, embora seja o líder na América do Sul. Os Estados Unidos ocupam a primeira colocação, com 52 mil pessoas de QI elevado, seguidos do Reino Unido, com 19 mil, e pela Alemanha, com 16 mil.

Agora são 2.090 os membros da Associação Mensa Brasil, entidade que reúne pessoas superinteligentes ou com altas capacidades intelectuais no país e é a representante oficial da Mensa Internacional, principal organização de alto quociente de inteligência (QI) do mundo, reunindo 150 mil membros. A palavra mensa significa “mesa” em latim. A marca foi criada de forma a demonstrar a natureza de mesa-redonda da organização, que visa a união de iguais.

De acordo com mapeamento da Mensa Brasil, São Paulo lidera o total de pessoas identificadas no Brasil como superdotadas, com 984 superinteligentes. Em seguida, estão Rio de Janeiro, com 229 pessoas, Distrito Federal, com 135, Paraná, com 134, e Rio Grande do Sul, com 94. Em contrapartida, Acre, Rondônia e Amapá não têm nenhum superdotado.

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A Mensa Brasil completou 20 anos no último mês de julho. Ela congrega pessoas com altas capacidades intelectuais, tendo como único requisito de ingresso possuir QI acima de 98% da população em geral, comprovado por teste referendado de inteligência. A entidade tem três objetivos principais, que são identificar e promover a inteligência humana em benefício da humanidade; estimular pesquisas sobre a natureza, características e usos da inteligência; e prover um ambiente intelectual e socialmente estimulante para seus associados

Quais são os testes para identificar pessoas com QI alto?

O vice-presidente da Associação Mensa Brasil, Carlos Eduardo Fonseca, disse hoje (10) à Agência Brasil que a entidade busca identificar os brasileiros com alto QI com testes periódicos, que foram introduzidos no país pela própria entidade. Para saber se tem um QI elevado, a pessoa deve procurar um psicólogo com formação nessa área. Somente profissionais com registro nos conselhos de psicologia podem aplicar uma bateria de testes que medem o QI e mensuram a inteligência da pessoa. De acordo com a neuropsicóloga Leninha Wargas, “quando uma pessoa se submete à testagem de QI e alcança resultado entre 115 e 129, ela está acima da média. Superdotado, de 130 a 144 pontos e, gênio, acima de 144 pontos”.

Fonseca informou que os testes têm valores que podem superar R$ 1 mil. Como a Mensa Brasil trouxe esses testes para o país, ela conseguiu baratear o custo para R$ 98, que é o valor dos testes destinados a pessoas com 16 anos ou 17 anos. Os testes são realizados a cada dois meses. Ao identificar as pessoas superinteligentes, a entidade busca trazê-las para um ambiente social e intelectual estimulante, ajudando a ciência nas descobertas.

Na Mensa Brasil, 163 brasileiros de QI muito acima da média foram admitidos pela instituição antes de completar 18 anos de idade. Segundo o levantamento da associação, a primeira criança entrou na entidade em setembro de 2006, quando tinha 9 anos. Já em setembro de 2011, ingressou na associação um membro ainda mais novo, com 7 anos de idade. A partir de maio deste ano até agora, a associação ganhou 79 membros menores de idade. O mais novo tem 4 anos, disse Carlos Eduardo Fonseca.

Do total de superinteligentes identificados pela entidade no Brasil, 70% têm entre 19 e 36 anos. As pessoas entre 13 e 18 anos correspondem a 10%, mesmo patamar verificado para a faixa etária entre 37 e 45 anos. Apenas 5% possuem mais de 45 anos de idade. Já o membro mais idoso foi identificado pela Mensa Brasil aos 72 anos de idade. O vice-presidente disse que a Mensa Brasil teve aprovação nos instrumentos de testes para aplicar no Brasil e descobrir potencialidades em crianças a partir de 2,5 anos de idade.

Com o intuito de ampliar a descoberta de pessoas com altas habilidades/superdotação, a entidade tem realizado periodicamente rodadas de testes em diversas cidades brasileiras. A última rodada aconteceu no dia 30 de julho, em 13 cidades de nove estados brasileiros diferentes, de forma simultânea. A próxima rodada está prevista para o final de setembro.

Os superdotados, além de possuírem um QI elevado, acima da média, devem reunir ainda motivação e criatividade. Fonseca recomendou que os pais suspeitem que o filho tem super potencialidades, que se desenvolvem além do esperado para faixa etária da criança, devem buscar um diagnóstico de QI e um diagnóstico diferenciado de motivação e criatividade “para que o poder público possa oferecer a ele uma educação especial. Esse aluno tem turnos normais de aulas na escola e, no contra turno, tem a sala de recursos, onde ele trabalha suas habilidades”. Entre elas, destacou música e literatura.

A Mensa Brasil aceita, atualmente, cinco testes para mensurar o QI, cada um para uma faixa etária: WAIS III – Escala de Inteligência Wechsler para Adultos; WASI – Escala de Inteligência Wechsler Abreviada, WISC IV – Escala Wechsler de Inteligência para Crianças, SON-R – Teste Não-Verbal de Inteligência e RAPM – Matrizes Progressivas Avançadas de Raven.

Na avaliação de Rodrigo Lopes Sauaia, presidente da Mensa Brasil, o país é uma potência intelectual ainda adormecida e subaproveitada. “Temos uma das maiores populações do planeta. Cerca de 2% dos habitantes do Brasil podem apresentar sinais de altas habilidades, com um QI muito acima da média. Porém, ainda não há um mapeamento abrangente destes indivíduos”, apontou.

Carlos Eduardo Fonseca ressalta que a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 3% a 5% da população mundial sejam superdotados. Olhando a população brasileira, ele estimou em torno de 4 milhões de pessoas o total de superdotados. Para confirmar a estimativa, é preciso, em primeiro lugar, identificar as pessoas com alto QI para que possam reivindicar a educação especial, “como têm direito constitucional”, recomendou.

 

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