Ciência

Bill Gates busca economizar US$ 233 bi reinventando sanitários

Gates apresentou cerca de 20 novos vasos sanitários que eliminam patógenos nocivos e convertem resíduos corporais em água limpa e fertilizantes.

 (Reprodução/Bloomberg)

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Lucas Agrela

Lucas Agrela

Publicado em 7 de novembro de 2018 às 05h55.

Última atualização em 7 de novembro de 2018 às 05h55.

Bill Gates acha que os vasos sanitários são um assunto sério e está apostando que a reinvenção desta comodidade tão essencial pode salvar meio milhão de vidas e gerar mais de US$ 200 bilhões em economia.

O filantropo bilionário, cuja Fundação Bill & Melinda Gates investiu US$ 200 milhões em sete anos financiando pesquisas de saneamento, apresentou cerca de 20 novos projetos de vasos sanitários e de processamento de esgoto que eliminam patógenos nocivos e convertem resíduos corporais em água limpa e fertilizantes.

“As tecnologias que vocês verão aqui são os avanços mais significativos de saneamento em quase 200 anos”, disse Gates, 63, na Reinvented Toilet Expo, em Pequim, nesta terça-feira.

Tendo à mão um béquer de excrementos humanos que, segundo Gates, continha 200 trilhões de células de rotavírus, 20 bilhões de bactérias Shigella e 100.000 ovos de vermes parasitas, o cofundador da Microsoft explicou a uma plateia de 400 pessoas que novas abordagens para a esterilização de resíduos humanos podem ajudar a acabar com quase 500.000 mortes de crianças e economizar US$ 233 bilhões por ano em custos relacionados a diarreia, cólera e outras doenças provocadas por falta de água, saneamento e higiene.

Uma abordagem do Instituto de Tecnologia da Califórnia, que Gates disse considerar “superinteressante”, integra um reator eletroquímico para decompor água e resíduos humanos em fertilizantes e hidrogênio, que podem ser armazenados em células de combustível de hidrogênio como energia.

Mercado significativo

Sem alternativas economicamente viáveis para o esgoto e as instalações de tratamento de resíduos, a urbanização e o crescimento populacional agravarão a situação. Em algumas cidades, mais da metade do volume de resíduos humanos chega ao meio ambiente sem tratamento. Cada dólar investido em saneamento rende cerca de US$ 5,50 em retornos econômicos globais, segundo a Organização Mundial da Saúde.

“Os resíduos humanos que são tratados adequadamente podem ser um investimento muito atraente economicamente devido aos benefícios para a saúde”, disse Guy Hutton, consultor sênior para água, saneamento e higiene da Unicef em Nova York, em entrevista. “Dada a necessidade não atendida de 2,3 bilhões de pessoas ainda sem saneamento básico, existe um mercado potencialmente muito significativo e um ganho econômico a ser obtido.”

O mercado de vasos sanitários reinventados, que atraiu empresas como a japonesa LIXIL, pode gerar US$ 6 bilhões por ano em todo o mundo em 2030, segundo Gates.

Oportunidade de ouro

“As empresas inovadoras têm uma oportunidade de ouro de se sair bem fazendo o bem”, disse o presidente da LIXIL, Kinya Seto, em comunicado. “Podemos ajudar a dar início a uma nova era de saneamento seguro para o século 21 desenvolvendo soluções capazes de fazer avançar a infraestrutura existente hoje, que está em funcionamento em todas as partes.”

Entre as empresas que estão exibindo suas tecnologias de saneamento estão as chinesas Clear, CRRC e EcoSan; a americana Sedron Technologies; a SCG Chemicals, uma unidade da tailandesa Siam Cement; e as indianas Eram Scientific Solutions, Ankur Scientific Energy Technologies e Tide Technocrats, informou a Fundação Gates em comunicado, por e-mail.

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