Ciência

Bares e academias podem piorar situação da covid-19

Número de casos pode aumentar por interferência dos superspreaders, pessoas que são mais infecciosas do que é considerado normal

SAO PAULO, BRAZIL - MAY 07: Commuters ride the bus wearing face masks on May 7, 2020 in Sao Paulo, Brazil. The Government of the State of São Paulo has decreed the mandatory use of face masks in the streets.  (Photo by Victor Moriyama/Getty Images) (Victor Moriyama/Getty Images)

SAO PAULO, BRAZIL - MAY 07: Commuters ride the bus wearing face masks on May 7, 2020 in Sao Paulo, Brazil. The Government of the State of São Paulo has decreed the mandatory use of face masks in the streets. (Photo by Victor Moriyama/Getty Images) (Victor Moriyama/Getty Images)

Tamires Vitorio

Tamires Vitorio

Publicado em 16 de junho de 2020 às 10h38.

Muitos países no mundo têm passado por processos de reabertura total ou parcial da economias, como é o caso do Brasil. Uma pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo (USP) e pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) apontou que o afrouxamento do distanciamento social em São Paulo, epicentro da doença no país, pode aumentar em até 71% o número de mortes causadas pelo novo coronavírus.

E um estudo realizado no Japão pode confirmar os perigos do afrouxamento. De acordo com os pesquisadores japoneses, o espalhamento da covid-19 no mundo pode piorar muito mais com as aglomerações em academias, festas, karaokês e bares.

Para chegar a essa conclusão, eles analisaram ao menos cinco infectados pelo vírus que participaram dos mesmos eventos --- todos aparentemente são superspreaders, como são chamados os indíviduos capazes de espalhar a doença mais do que o que é considerado normal. Os cientistas analisaram 61 acontecimentos de "superespalhamento", que aconteceram em hospitais, asilos e outras instituições do tipo, mas um pouco menos da metade aconteceu em shows musicais, restaurantes e escritórios.

Os resultados mostraram que pelo menos metade dos superespalhadores tinha menos de 40 anos de idade e 41% estavam assintomáticos quando passaram a doença, ou seja, não apresentavam sintomas do SARS-CoV-2. Um show no Japão, por exemplo, causou a infecção de mais de 30 pessoas, entre membros da equipe, cantores e público.

O mesmo acontece ao redor do mundo. Em Washington, nos Estados Unidos, 61 participantes de um coral se reuniram, compartilharam lanches e organizaram as cadeiras juntos no fim do evento, sem nenhum tipo de proteção. Um dos cantores, no entanto, estava infectado e não apresentava nenhum sintoma. Depois da confraternização, 53 ficaram doentes, 3 foram hospitalizados e dois morreram por conta da covid-19.

Um estudo recente sugere que 85% das transmissões são causadas por um superespalhador. Se o contato desses indivíduos fossem reduzidos em até 25%, a rapidez do contágio da pandemia poderia diminuir. O único problema é que ainda não existe uma forma de identificá-los.

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