Ciência

Baleias encalhadas: por que a Austrália sacrificou 90 falsas orcas na Tasmânia

Condições adversas impediram o resgate dos animais, levando as autoridades australianas a tomarem uma decisão difícil para minimizar o sofrimento da espécie protegida

Baleias são protegidas por lei na Tasmânia, mesmo quando mortas, e interferir em seus corpos é uma infração (Marine Conservation Program/Reprodução)

Baleias são protegidas por lei na Tasmânia, mesmo quando mortas, e interferir em seus corpos é uma infração (Marine Conservation Program/Reprodução)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 06h56.

Última atualização em 19 de fevereiro de 2025 às 06h57.

Mais de 150 falsas orcas (Pseudorca crassidens) foram encontradas encalhadas perto do rio Arthur, na costa oeste da ilha da Tasmânia, na terça-feira, 18.

Na manhã seguinte, apenas 90 ainda estavam vivas. Tentativas de resgate falharam devido às ondas fortes e ventos intensos, obrigando as autoridades a recorrerem à eutanásia em massa para evitar o sofrimento prolongado dos cetáceos.

Segundo Shelley Graham, do Serviço de Parques e Vida Selvagem da Tasmânia, o mar agitado impedia que os animais retornassem para águas profundas. “Os animais não conseguiam ultrapassar as ondas e voltavam para a praia repetidamente", disse ela à CNN. 

Imagens aéreas feitas pela emissora americana mostram os cetáceos espalhados pela areia, muitos parcialmente enterrados ou presos em águas rasas. Em operações anteriores, máquinas foram usadas para mover os animais para locais mais protegidos antes da tentativa de soltura.

No entanto, o isolamento da região impossibilitou o envio de equipamentos necessários, disse Brendon Clark, oficial do órgão ambiental local, à CNN.

Encalhes recorrentes na Tasmânia

O fenômeno de encalhes em massa não é incomum na Tasmânia. O último caso de grandes proporções envolvendo falsas orcas aconteceu em 1974, quando um grupo de 160 a 170 animais foi encontrado na praia de Black River, no norte da ilha. Em apenas cinco anos, este já é o terceiro encalhe de grande escala registrado na costa oeste do estado.

Especialistas afirmam que a ciência ainda não consegue determinar com exatidão as causas desses eventos. “Podem estar relacionados a fatores naturais como doenças, desorientação de líderes do grupo e anomalias magnéticas.” explicou o Dr. Angus Henderson, do Instituto de Estudos Marinhos e Antárticos da Universidade da Tasmânia.

As baleias são protegidas por lei na Tasmânia, mesmo quando mortas, e interferir em seus corpos é uma infração.

O desafio de salvar baleias encalhadas

Cientistas apontam que a taxa de sobrevivência de baleias e golfinhos encalhados é baixa. “Em terra firme, esses animais começam a se deteriorar em cerca de seis horas.” afirma Henderson.

A decisão de eutanásia, apesar de extrema, foi adotada para minimizar o sofrimento dos cetáceos. Segundo especialistas, muitos deles estavam desorientados e estressados, tornando as chances de sobrevivência ainda menores.

Diante do aumento de encalhes, pesquisadores avaliam se há um padrão emergente e possíveis causas ambientais. Mudanças climáticas, perturbações acústicas e alterações nos campos magnéticos da Terra são algumas das hipóteses investigadas.

Para organizações de conservação, casos como este reforçam a necessidade de políticas ambientais mais rigorosas e maior investimento em pesquisas sobre comportamento marinho.

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