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EFE
Publicado em 27 de maio de 2018 às 10h57.
O aumento dos níveis de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera reduz as proteínas e nutrientes do arroz, uma mudança que pode afetar bilhões de pessoas, diz um estudo, publicado na última semana, na revista especializada "Science Advances".
Uma equipe internacional de cientistas determinou que o arroz cultivado no nível de concentração de CO2 que é esperado para fim deste século tem um valor nutricional mais baixo que o arroz produzido atualmente.
A queda na riqueza nutricional desse grão, principal fonte de alimento para mais de 2 bilhões de pessoas no mundo, "representa uma ameaça para a saúde materna e infantil de grande parte do mundo", segundo os autores da pesquisa.
De fato, o arroz foi um alimento básico durante milhares de anos para muitas populações da Ásia e atualmente é o principal alimento de crescimento mais rápido na África.
A descoberta também confirma a pesquisa de outros estudos que mostraram anteriormente que o arroz cultivado sob concentrações mais altas de CO2 tem menos proteínas, ferro e zinco.
"A diminuição do conteúdo nutricional do arroz poderia ter um impacto desproporcional nos níveis de saúde nos países mais pobres dependentes do arroz", indicou a autora principal do estudo, Kristie Ebi, da Universidade de Washington em Saint Louis (Missouri), nos Estados Unidos.
Os pesquisadores realizaram o estudo na China e no Japão, onde analisaram 18 variedades comuns de arroz.
Os resultados confirmaram diminuições previamente reportadas em proteínas, ferro e zinco em arroz cultivado sob concentrações atmosféricas de CO2 que os cientistas esperam para o fim do século XXI.
Além disso, a pesquisa revelou pela primeira vez a diminuição média das vitaminas B1, B2, B5 e B9, que são essenciais para ajudar o corpo a transformar os alimentos em energia.
Os níveis médios de vitamina B1 (tiamina) diminuíram em um 17,1%; os de vitamina B2 (riboflavina) em 16,6%; os de vitamina B5 (ácido pantotênico) em 12,7%; e os de vitamina B9 (ácido fólico) em 30,3%.
Além disso, Ebi e seus colegas notaram que não houve mudanças nos níveis de vitamina B6 e cálcio, enquanto os níveis de vitamina E aumentaram para a maioria dos tipos de arroz.
Além das mudanças nas vitaminas do complexo B, os pesquisadores reportaram uma redução média de 10,3% em proteínas, uma queda de 8% em ferro e uma diminuição de 5,1% nos níveis de zinco, em comparação com o arroz cultivado sob as concentrações atuais de CO2.
Este déficit nutricional afetará sobretudo cerca de 600 milhões de pessoas, principalmente no sudeste asiático, que obtêm mais da metade de suas calorias e proteínas diárias diretamente do arroz.