Ciência

Atila Iamarino: Para reabrir é preciso transparência nos dados da covid-19

Átila Iamarino também disse que a declaração da OMS sobre pessoas assintomáticas transmitirem menos o coronavírus foi retirada de contexto

Átila Iamarino: pesquisador ganhou destaque fazendo transmissões ao vivo para explicar a pandemia do novo coronavírus (YouTube/Divulgação)

Átila Iamarino: pesquisador ganhou destaque fazendo transmissões ao vivo para explicar a pandemia do novo coronavírus (YouTube/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2020 às 07h48.

Última atualização em 9 de junho de 2020 às 07h53.

O biólogo, pesquisador e divulgador científico Atila Iamarino criticou as mudanças feitas pelo Ministério da Saúde, nos últimos dias, para atualizar os números de casos e de mortes pelo novo coronavírus.

Em entrevista à Globo News, o pesquisador afirmou que é justamente no momento de reabertura das cidades que as pessoas precisam ter clareza da situação em que estão vivendo para decidir se vão sair de casa, então a falta de transparência por parte da divulgação dos dados não ajuda.

“São mudanças que mostram uma falta de transparência em uma hora tão primordial, como é a reabertura, que depende de ter uma clareza muito grande das três esferas do governo. Quando a gente tem uma mudança muito grande como a que aconteceu aqui, sinaliza uma falta de confiança, tanto para quem vive aqui no brasil quanto internacionalmente”, declarou.

Entre as mudanças adotadas pelo Ministério da Saúde estavam passar a declarar somente as mortes que aconteceram nas últimas 24 horas (e não mais os registros que saíram nesse período, independentemente de quando o óbito aconteceu), acabar com a série histórica do coronavírus no país, atrasar a divulgação para as 22h e não fornecer mais um arquivo com as informações detalhadas de cada cidade.

As mudanças repercutiram mal, fazendo com que o governo voltasse com a divulgação dos dados às 18h e prometesse um site interativo para consulta das informações. Ao mesmo tempo, surgiram alternativas independentes para aferir os números do coronavírus no Brasil, como uma plataforma dos secretários de saúde dos estados e um consórcio de veículos de imprensa.

À Globo News, Iamarino também comentou uma declaração dada por uma dirigente da OMS (Organização Mundial da Saúde), nesta segunda-feira (8), quando ela falou que a transmissão de coronavírus por pessoas assintomáticas é rara.

“Essa recomendação foi tirada de contexto”, explicou o pesquisador “A OMS falava sobre o rastreio de contatos de quem foi diagnosticado com o coronavírus, o que o Brasil tem feito muito pouco. Nesse rastreio, para a OMS, o principal caso que precisa ficar em cima são as pessoas sintomáticas. Porque, se você consegue colocar essas pessoas em isolamento, consegue conter a transmissão do vírus.”

“O que é importante lembrar é que tem as pessoas pré-sintomáticas, as que vão ter os sintomas, mas ainda não têm. Essas são as que mais transmitem o vírus. Como você não sabe quem vai desenvolver o sintoma, precisa manter o isolamento social. As que nunca desenvolvem os sintomas, as assintomáticas, a OMS disse que eles transmitem muito pouco”, acrescentou.

Iamarino, por fim, declarou que o Brasil pode enfrentar a covid-19 até outubro, uma vez que o comportamento da doença é parecido com o da gripe comum, que aflige os estados do sul do país principalmente no terceiro trimestre do ano.

“Se a covid-19 tem uma sazonalidade, ela está se comportando como a gripe. No Brasil, a gripe atinge primeiro a região Norte, depois o Nordeste e só aí que desce para a região Sul do país, que deve ser mais atingida em julho, agosto, setembro”, afirmou.

“Vimos que o Sul não foi tão atingido até agora pelo coronavírus. Espero que seja pelas medidas que eles estão tomando, mas pode ser que eles sejam mais atingidos pela sazonalidade. Isso a gente só vai ver quando a covid-19 atingir lá”, completou o pesquisador, que afirmou que, após chegar ao pico da doença, o Brasil ainda deverá registrar o dobro de mortes por covid-19.

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