Buraco negro: a massa deste buraco negro gigante, apelidado Sagitário A*, é cerca de quatro milhões de vezes a do Sol (foto/AFP)
AFP
Publicado em 12 de abril de 2017 às 22h07.
Última atualização em 12 de abril de 2017 às 22h08.
Após cinco noites de observações com uma rede maciça de telescópios, astrônomos disseram na quarta-feira que podem ter tirado a primeira foto de um buraco negro.
Vai levar meses para a imagem ficar pronta, mas se os cientistas conseguirem, os resultados podem ajudar a resolver mistérios sobre a composição do universo e sobre como ele surgiu.
"Em vez de construir um telescópio tão grande que provavelmente desmoronaria sob seu próprio peso, combinamos oito observatórios como os pedaços de um espelho gigante", disse o astrônomo Michael Bremer, gerente de projeto do Telescópio Event Horizon.
"Isso nos deu um telescópio virtual tão grande quanto a Terra - de cerca de 10 mil quilômetros de diâmetro", disse à AFP.
Quanto maior o telescópio, melhor a resolução e o nível de detalhe.
O buraco negro supermaciço observado está escondido no centro da Via Láctea, numa região chamada constelação de Sagitário, a cerca de 26.000 anos-luz da Terra.
A massa deste buraco negro gigante, apelidado Sagitário A*, é cerca de quatro milhões de vezes a do Sol.
Segundo a astronomia teórica, quando um buraco negro absorve matéria - planetas, detritos e qualquer coisa que chegue muito perto - um breve raio de luz fica visível.
Mais especificamente, os astrônomos esperam ter registrado imagens de uma região misteriosa em volta do buraco negro, chamada horizonte de eventos, um limite a partir do qual a força da gravidade é tão forte que nada, nem mesmo a luz, pode escapar.
A rede formada a partir do Telescópio Event Horizon foi projetada para detectar o raio de luz que surge quando um objeto desaparece além desse limite.
"Pela primeira vez em nossa história, temos a capacidade tecnológica de observar buracos negros em detalhe", disse Bremer.
O telescópio virtual preparado é poderoso o suficiente para detectar uma bola de golfe na Lua, acrescentou.
O telescópio do IRAM, de 30 metros, localizado nas montanhas espanholas de Sierra Nevada, é o único observatório europeu a participar no esforço internacional.
Os outros telescópios que contribuem com o projeto incluem o Telescópio do Polo Sul, na Antártica, o Telescópio James Clerk Maxwell, no Havaí, e o Telescópio Cosmológico do Atacama, no deserto do norte do Chile.
Todos os dados - cerca de 500 terabytes por estação - serão coletados e transportados em aviões para o Observatório Haystack do MIT, em Massachusetts, onde serão processado por supercomputadores.
"As imagens surgirão à medida que combinarmos todos os dados", explicou Bremer. "Mas vamos ter que esperar vários meses para chegar ao resultado".